CONTROLLED MECHANICAL VENTILATION: Enhancing Comfort in Maintenance Environments – A Case Study
Sérgio Torres Alves [1]
[1] Bacharel em Engenharia Elétrica pela Fundação Universidade de Pernambuco, 1995. E-mail: sergiotorresalves@gmail.com.
Resumo
A ventilação em ambientes ocupacionais é essencial para a qualidade do ar e o conforto térmico. Este estudo analisa metodologias de ventilação, destacando a eficiência energética e a sustentabilidade. O objetivo é implementar sistemas que melhorem o conforto e a segurança dos trabalhadores, equipamentos e materiais maximizando a eficiência energética e a qualidade e integridade dos itens. Metodologias como ventilação natural, mecânica, por exaustão e balanceada são avaliadas. Um estudo de caso em um galpão de manutenção mostrou que a ventilação mecânica reduziu o desconforto térmico e a oxidação dos materiais. A ventilação adequada controla a exposição a substâncias tóxicas e promove um ambiente seguro. Tecnologias alternativas, como refrigeração magnética e resfriamento evaporativo, oferecem soluções sustentáveis. A conformidade com normas como a ANSI/ASHRAE 62-1989 assegura padrões de qualidade. A inovação contínua é crucial para aprimorar os sistemas de ventilação.
Palavras-chave: Ventilação industrial. Conforto térmico. Eficiência energética.
INTRODUÇÃO
Em edificações, os métodos operacionais para promover o conforto térmico são diversos. A premissa inicial é que, na concepção, os recursos energéticos sejam minimizados em função do custo-benefício da implantação. No projeto, independentemente do objetivo da construção, devem ser considerados tanto os fatores de ocupação interna quanto os fatores externos.
Para promover uma condição térmica mais favorável, dados climáticos da região, como incidência solar, convecção natural dos ventos locais e outros fatores, servem como referências para o posicionamento geográfico da edificação, distribuição de áreas envidraçadas, tipo de cobertura, utilização de átrios e especificação de materiais. Esse tipo de abordagem, em regiões com características climáticas mais quentes, minimiza a carga térmica sobre a edificação. Nos casos em que há necessidade de equipamentos para climatização dos ambientes, os custos de implantação, manutenção e demanda energética podem ser minimizados (Mathaudhu, 2000).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A ventilação em ambientes ocupacionais é essencial, de uma abrangência enorme devido à sua importância para a qualidade do ar e o conforto térmico dos: trabalhadores, materiais, máquinas e equipamentos. Este estudo analisa as metodologias de ventilação, os impactos no conforto e segurança do trabalho, e a eficiência energética e sustentabilidade dos sistemas de ventilação, alinhando essas questões com o problema pesquisado e o estágio atual da produção científica.
O principal desafio é identificar e implementar metodologias de ventilação eficazes que melhorem o conforto térmico e a qualidade do ar em ambientes industriais, garantindo a segurança e bem-estar dos trabalhadores principalmente, ao mesmo tempo em que se busca maximizar a eficiência energética, a sustentabilidade ambiental, a qualidade dos equipamentos, das máquinas e dos materiais. Diversas metodologias, como ventilação natural, mecânica, por exaustão e balanceada, são avaliadas.
A ventilação natural utiliza fluxos de ar naturais para renovar o ar, mas pode ser insuficiente em locais com baixa movimentação de ar ou altas cargas térmicas (Mathaudhu, 2000). A ventilação mecânica, destacada por Mathisen e Haghighat (1989), é eficaz onde a ventilação natural é inadequada, sendo ideal para ambientes com alta concentração de poluentes. A ventilação por exaustão remove o ar viciado, enquanto a ventilação balanceada combina a introdução de ar fresco e a exaustão do ar viciado, garantindo uma renovação constante (Creder, 2004). A ventilação assistida por energia solar é uma abordagem sustentável que representa um avanço significativo na busca por soluções energéticas eficientes e de menor impacto ambiental.
O estudo de caso realizado em um galpão de manutenção demonstrou que a aplicação de ventilação mecânica controlada melhorou significativamente o conforto térmico, o bem-estar dos trabalhadores e a qualidade dos itens e peças utilizados, pois, levando-se em consideração a umidade relativa do ar em nossa região ser muito alta, tende-se, muito mais rapidamente, a oxidação dos equipamentos, materiais e itens ser um desafiador em nossas atividades. A instalação de ventiladores industriais reduziu as queixas de desconforto térmico e contribuiu para a diminuição da oxidação dos materiais e equipamentos, aumentando a durabilidade e confiabilidade, pois, muitos destes materiais são compostos por partes metálicas, algumas internas, por onde o nível de oxidação é frequente e constante.
Krarti (2001) destaca que a ventilação adequada é crucial para controlar a exposição a substâncias tóxicas, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. A melhoria das condições de trabalho resulta em maior satisfação dos trabalhadores e pode aumentar a produtividade, a eficiência operacional e a segurança na execução das atividades elétricas. A eficiência energética é fundamental, e ventiladores industriais de alta eficiência garantem menor consumo de energia e impacto ambiental (Mathisen & Haghighat, 1989). Tecnologias alternativas, como a refrigeração magnética e o resfriamento evaporativo, oferecem soluções mais sustentáveis para a climatização de ambientes. A conformidade com normas e regulamentações, como a ANSI/ASHRAE 62-1989, assegura que os sistemas de ventilação atendam aos padrões de qualidade e eficiência, promovendo ambientes de trabalho seguros e confortáveis. A pesquisa contínua e a inovação tecnológica são essenciais para aprimorar os sistemas de ventilação.
3. METODOLOGIA
A ventilação no ambiente é uma metodologia utilizada para promover a renovação do ar em um local fechado, garantindo a qualidade do ar interior e proporcionando conforto térmico e bem-estar para as pessoas que o ocupam. Existem diferentes abordagens e métodos para implementar a ventilação em um espaço, e a escolha depende das características do ambiente e dos requisitos específicos. A ventilação é um aspecto importante na Engenharia Elétrica, pois desempenha um papel fundamental na prevenção de riscos à saúde e segurança dos trabalhadores. A ventilação adequada nos ambientes de trabalho é essencial para controlar a exposição a substâncias tóxicas, agentes químicos, poeiras, vapores, umidade, fumos e outros poluentes atmosféricos presentes no local. A seguir temos alguns exemplos comuns de ventilação:
Ventilação natural: A forma mais básica de ventilação aproveita os fluxos de ar naturais para renovar o ar em um ambiente.
Ventilação mecânica: Utiliza equipamentos mecânicos, como ventiladores, para forçar a circulação do ar.
Ventilação por exaustão: O ar viciado é removido do ambiente por meio de sistemas de exaustão, como ventiladores ou dutos.
Ventilação balanceada: A ventilação ocorre de forma equilibrada, com a introdução de ar fresco e a exaustão do ar viciado ocorrendo simultaneamente.
Ventilação assistida por energia solar: Uma abordagem sustentável que utiliza a energia solar para alimentar os sistemas de ventilação.
Além desses métodos, é importante considerar outros fatores relacionados à ventilação na Engenharia de Segurança do Trabalho, como o dimensionamento adequado dos sistemas, a manutenção regular dos equipamentos, a escolha de materiais adequados para os dutos e a avaliação da qualidade do ar interior. Em resumo, desempenhar um papel fundamental na Engenharia de Segurança do Trabalho espera-se reduzir os riscos à saúde e garantir ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. A escolha adequada dos métodos depende da identificação dos riscos específicos no local de trabalho e do cumprimento das regulamentações e diretrizes pertinentes.
Nos dias de hoje, um bom projeto de climatização deve contemplar características exigidas pelo mercado globalizado:
- Atender aos parâmetros de conforto térmico referenciados pelas normas;
- Maximizar a eficiência térmica;
- Maximizar a qualidade do ar;
- Minimizar custos energéticos, de instalação e manutenção;
- Minimizar o impacto ao meio ambiente.
São muitas as opções de climatização que o mercado oferece para que o projetista defina o melhor sistema a ser adotado para climatizar um ambiente específico. Em ordem de preferência, cita-se a ventilação natural, ventilação forçada, sistemas evaporativos, sistemas híbridos e, por último, o sistema de compressão do vapor. O diagrama bioclimático proposto por Givoni (1976) avalia rapidamente o sistema a ser implantado em função da temperatura e da umidade do clima local.
A partir do Protocolo de Montreal, que restringiu a produção de fluidos refrigerantes que reagem com a camada de ozônio e agridem o meio ambiente, cientistas e engenheiros têm buscado novas alternativas para sistemas de refrigeração. Para os equipamentos que utilizam o ciclo de compressão do vapor, as pesquisas têm se concentrado no desenvolvimento de fluidos refrigerantes que não agridam o meio ambiente. Em paralelo, a ciência vem buscando o desenvolvimento de tecnologias alternativas de climatização de ambientes.
Nesse contexto, encontram-se em fase de desenvolvimento a refrigeração magnética e o resfriamento evaporativo. À medida que as pesquisas avançam, essas tecnologias surgem como ferramentas para competir, em muitas aplicações, com o tradicional sistema de compressão do vapor. O principal enfoque deste trabalho são os sistemas evaporativos.
Abaixo são descritos os seguintes sistemas de climatização:
- Ventilação Natural;
- Ventilação Forçada;
- Ciclo de Compressão do Vapor;
- Efeito Magneto Caloria.
O uso de ventiladores industriais é fundamental para garantir a circulação de ar em ambientes industriais, comerciais e de produção. Eles são utilizados para:
- ventilar;
- exaustão;
- resfriamento;
- aquecimento;
- secagem.
Escolher o ventilador industrial certo é crucial para garantir a eficiência e rentabilidade da empresa, destacando-se:
- Identificação das necessidades da empresa (galpão).
Antes de escolher um ventilador industrial, é importante identificar as necessidades da empresa. Isso inclui considerar o tamanho e layout do ambiente, bem como as exigências de temperatura, umidade e pressão. Além disso, é essencial considerar as necessidades de exaustão, ventilação e resfriamento da empresa (galpão).
- Considerar a eficiência energética. A eficiência energética é um fator crucial ao escolher um ventilador industrial. Os ventiladores industriais de alta qualidade são projetados para ser mais eficientes do que os modelos convencionais, garantindo maior economia de energia e menor impacto ambiental.
- Escolher o tipo certo de ventilador. Existem vários tipos de ventiladores industriais disponíveis no mercado, cada um com suas próprias características e vantagens. Os ventiladores axiais são ideais para aplicações de ventilação geral, exaustão de gases quentes e secagem. Os ventiladores centrífugos são ideais para aplicações de exaustão, resfriamento e aquecimento. Os ventiladores de fluxo cruzado são ideais para exaustão e resfriamento em ambientes com alta pressão. Já os ventiladores de dutos são ideais para exaustão e resfriamento em ambientes com espaço limitado.
- Verificação das especificações técnicas. É importante verificar as especificações técnicas, como a capacidade de fluxo de ar, pressão estática e velocidade.
- Escolha de um fabricante confiável. Além da confiabilidade do fabricante, é necessário que ele seja experiente para garantir a qualidade e durabilidade do equipamento.
3.1 Ventilação Natural
A ventilação natural aproveita a convecção natural do ar para dissipar a carga térmica do ambiente. A convecção natural do ar em um ambiente ocorre por dois fatores principais: movimentação devida à diferença de pressão interna e externa (ventos) e movimentação devida à diferença de densidade do ar (fontes internas de calor).
Em ambos os casos, devem existir na edificação entradas e saídas estratégicas, necessárias ao deslocamento do ar para o ambiente externo. Para isso, é recomendado adotar venezianas, lanternins, átrios e torres de deslocamento do ar, que devem ser compatibilizadas com a arquitetura.
As aberturas para a entrada do ar devem estar preferencialmente nas partes mais baixas (venezianas ou janelas). Já as aberturas para a saída do ar devem estar preferencialmente localizadas nas partes elevadas da construção (lanternins,basculantes, átrios). As figuras 1 e 2 mostram algumas dessas disposições.
Figura 1 – Disposição de aberturas para ventilação natural.
Figura 2 – Exemplo de torre de deslocamento do ar (Jones 2001).
O uso de ventiladores do tipo eólico é bastante difundido no mercado nacional e amplamente aplicado em galpões e indústrias (Fig. 3). Nesse sistema, a convecção natural do ar induz a movimentação da hélice tipo turbina, aumentando a exaustão do ar interno. Esses ventiladores são especialmente eficazes em ambientes com geração interna de calor, proporcionando uma solução eficiente para melhorar a circulação do ar e o conforto térmico.
Figura 3 – Exemplo de aplicação de ventilador eólico.
Sabe-se que as condições dos ventos não são sempre as mesmas, variando em intensidade e direção ao longo das estações do ano ou até mesmo durante um período de 24 horas diárias. Por isso, a ventilação natural pela ação do vento não oferece garantia de uniformidade. Todavia, considerando a área de aberturas iguais às de saída e conhecendo-se a velocidade média sazonal dos ventos locais, pode-se estimar a vazão de ar que entra em um recinto.
Se os ventos predominantes são perpendiculares às aberturas do ambiente, um fator de 0,5 deve ser aplicado à equação 3.1. Se os ventos são diagonais, o fator considerado deve ser de 0,25. O efeito da diferença de densidade do ar é conhecido como efeito chaminé e pode ser estimado tendo como referência a diferença de temperatura entre o ar à entrada e o ar à saída do ambiente. A equação abaixo (Macintyre, 1990) estima a vazão do ar considerando igual área de entrada e saída do ar.
𝑄 = 9,4. 𝐴. √𝑑. (𝑇𝑖 − 𝑇𝑒) Equação 3.1
Sendo Q (cfm) a vazão em pés cúbicos por minuto, A (ft²) a área em pés quadrados, d (ft) a distância vertical em pés entre as aberturas de entrada e saída, 𝑇𝑖 (°F) a temperatura média do ar interior à altura das aberturas de saída em graus Fahrenheit, 𝑇𝑒 (°F) a temperatura do ar exterior em graus Fahrenheit. A constante 9,4 é uma proporcionalidade para efetividade das aberturas de 65%. Este valor deve ser reduzido para 50% caso as condições de escoamento não sejam favoráveis. Para aberturas de tamanhos desiguais, considera-se a menor área. O gráfico (a) da figura 4 é utilizado para a correção da vazão. Para efeitos combinados de chaminé e ventos, o gráfico (b) da figura 4 é aplicável.
Figura 4 – Gráficos para correção da ventilação natural
Os estudos mais recentes no campo da ventilação natural em edificações têm enfatizado a importância de obter informações sobre os campos de velocidades e perfis de temperatura associados à eficiência da ventilação e ao desempenho térmico. Além disso, a concentração de particulados relacionados à qualidade do ar também é um foco importante (Mathisen, Haghighat, 1989).
Van der Maas (1989) avalia o fluxo de ar natural em ambientes devido às diferenças de temperatura interna e externa e incorpora a transferência de calor nas paredes. As equações acopladas de transferência de calor e massa são resolvidas para a temperatura do ambiente interno, a fim de estimar as taxas de massa e calor.
A figura 5 mostra o deslocamento do ar devido à diferença de temperatura entre o interior e o exterior do ambiente.
Figura 5 – Convecção do ar devido à diferença de temperatura
Kiel (1989) apresenta equações de perfis de velocidade e fluxo de massa entre fronteiras de ambientes internos e externos, baseadas em medições realizadas em modelos na escala 1:20, em função da diferença de densidade. A figura 6 mostra os perfis de velocidade e temperatura para a elevação de um ambiente.
Figura 6 – Convecção do ar devido à diferença de temperatura.
Axley (1989) determina as características de infiltração e escape ao redor de edificações resolvendo o problema acoplado de transferência de calor e massa, aplicando análise discreta de elementos às equações governantes. Técnicas de modelagem macroscópica, aplicadas a fenômenos de transporte, são utilizadas em balanços de massa, momento e energia, expressos em termos de equações diferenciais ordinárias para um ou mais volumes de controle.
O autor estima a pressão exercida pelos ventos para determinar os perfis de velocidade em regiões rurais, urbanas e metropolitanas. Os resultados indicam que a construção de edificações modifica o perfil da camada limite natural do vento (Fig. 7).
Figura 7 – Perfis de velocidade para áreas habitadas
Haghighat (1989), utilizando métodos numéricos, discute o efeito da localização e altura de portas na transferência de calor e massa em ambientes fechados. Os resultados são apresentados por meio de vetores de velocidade do ar para várias condições de localização e altura de portas, bem como para diferentes temperaturas das paredes (Fig. 8 e 9).
Figura 8 – Campo de vetores velocidade devido à diferença de temperatura entre paredes.
Figura 9 – Campo de vetores velocidade devido à diferença de temperatura entre paredes.
Os resultados indicam que a taxa de fluxo de massa é sensível à altura e localização da porta na parede que divide os ambientes, assim como à localização da parede de partição no ambiente. Por outro lado, o fluxo de calor é independente da localização da parede de partição.
3.2 Ventilação Forçada
O sistema de ventilação forçada adota um dispositivo moto-mecânico para promover o deslocamento do ar. A ventilação forçada de um ambiente promove a retirada da carga térmica através da renovação constante do ar pelo insuflamento e/ou exaustão por meio de ventiladores (Fig. 10 e 11).
Figura 10 – Esquerda: insuflamento forçado; direita: tiragem forçada.
Figura 11 – Tiragem forçada do ar por ventiladores axiais de telhado
A vazão mássica de ar, 𝑚 (kg/s), necessária para promover a renovação constante do ar em um ambiente é calculada a partir da taxa de carga térmica sensível, 𝑞 (W = J/s). A taxa de calor sensível é representada pelo somatório de todas as fontes sensíveis de calor internas e externas. ΔT é a diferença da temperatura interna e externa de referência:
q ˙ = m ˙ ⋅cp. ΔT
cp é o calor específico do ar a pressão constante (J/kg. K)
Nesse sistema, independentemente do número de renovações do ar, R (s⁻¹), que se faça em um ambiente, a temperatura limite inferior para o ambiente beneficiado é a temperatura externa à sombra, protegida do calor de radiação e de fontes de geração interna. Como primeira referência de cálculo, para se chegar ao valor de R (1/s) para um recinto, normalmente é utilizada a diferença de 3°C entre a temperatura externa e interna.
A vazão volumétrica de ar, Q (m³/s), é calculada como uma função da vazão mássica:
m˙ (kg⁄S)
𝑚˙
𝜌 |
𝑄 =
𝑎
O número de renovações do ar, R, é calculado em função do volume do ambiente, Vol (m³), da vazão volumétrica R = Q
Vol
Para rápidas estimativas, a Tabela 3.1 fornece valores da taxa de renovação do ar para diversos ambientes (Creder, 2004).
Garagens de automóveis sem ventilação, principalmente as subterrâneas, apresentam problemas relativos à qualidade do ar. O ar é contaminado pela emissão dos gases da combustão produzidos pelos veículos. Óxidos nitrosos (NOx) e monóxido de carbono (CO) são os mais poluentes. A norma 62-1989 ANSI/ASHRAE, referência para esses ambientes, estabelece uma taxa de renovação do ar de 7,62 l/s.m² (1,5 cfm/ft²) por área de piso, ou ainda 11,25 renovações do volume de ar para um pé direito de 2,5 m.
Uma alternativa que tem sido utilizada para o controle e acionamento dos equipamentos é o monitoramento contínuo da taxa de concentração de CO. Todavia, os níveis aceitáveis de CO não são concordantes entre os órgãos normativos. Krarti (2001) apresenta, em forma de exemplo, um procedimento para a determinação do número de renovações do ar do ambiente em função do número de automóveis e da taxa média de emissão de CO durante o horário de pico.
Tabela 3.1 – Renovação de ar recomendada
Recinto a ser ventilado | Renovação de ar por hora | Tempo em minutos para cada renovação |
Auditório | 10 – 20 | 6 – 3 |
Salas de Conferência | 25 – 35 | 2,4 – 1,7 |
Sala de espera | 10 – 20 | 6 – 3 |
Restaurante | 6 – 20 | 10 – 3 |
Escritórios | 6 – 20 | 10 – 3 |
Corredor e Halls | 1 – 10 | 60 – 6 |
Lojas | 20 – 30 | 3 – 2 |
Cozinhas | 20 – 40 | 3 – 1,5 |
Padarias e confeitarias | 10 – 40 | 6 – 1,5 |
Sanitários | 10 – 40 | 6 – 3 |
Garagens | 6 – 20 | 10 – 3 |
Oficinas | 8 – 12 | 7,5 – 5 |
Laboratórios | 6 – 30 | 10 – 2 |
Pinturas e polimentos | 15 – 20 | 4 – 3 |
Casas de Máquinas | 10 – 50 | 3 – 2 |
Casas de Caldeiras | 20 – 30 | 6 – 5 |
Salas de depósitos | 5 – 15 | 12 – 4 |
Fundições | 10 – 40 | 6 – 1,5 |
3.3 Medição de Ruído em Sistemas de Climatização
A medição de ruído em sistemas de climatização é crucial para avaliar o desempenho acústico dos equipamentos e garantir o conforto acústico dos ocupantes de um ambiente. O ruído gerado pelos sistemas de climatização pode ser resultado do funcionamento dos componentes do sistema, como compressores, ventiladores e motores, bem como do fluxo de ar através das tubulações e difusores.
Figura 11: Decibelímetro Medidor De Som E Ruídos.
Os aparelhos de medição do nível sonoro são extremamente versáteis. Eles proporcionam resultados de medição precisos e um manuseio simples e prático. Por exemplo, podem ser utilizados para medir o nível sonoro em zonas residenciais, realizar a manutenção de prédios ou para instalações de sistemas de ar condicionado e ventilação.
Os aparelhos de medição do nível sonoro são amplamente usados em ambientes de trabalho, na indústria e para trabalhos de proteção ambiental. Ao longo dos anos, a potência dos equipamentos de climatização tem aumentado. Esta situação conduz à existência de grandes equipamentos de climatização que, ao serem instalados, devem obedecer a certos cuidados, principalmente na escolha do local de implementação, bem como à exigência de maior qualidade de instalação para garantir o conforto acústico dos ambientes.
Em resumo, a medição de ruído nos sistemas de climatização é relevante em diferentes graus para cada tipo de sistema mencionado. A ventilação forçada e o ciclo de compressão do vapor são os sistemas que geralmente requerem mais atenção devido ao ruído gerado pelos ventiladores elétricos e componentes mecânicos. Já a ventilação natural e os sistemas baseados no efeito magneto caloria podem ter requisitos de medição de ruído menos rigorosos, mas ainda é importante considerar o conforto acústico durante o projeto e a operação desses sistemas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O estudo demonstrou a importância dos sistemas de climatização mencionados, destacando que é essencial considerar os requisitos específicos de um ambiente, como tamanho, clima, uso e eficiência energética, ao escolher o sistema de climatização mais adequado. Além disso, a sustentabilidade ambiental deve ser levada em conta, buscando soluções que minimizem o consumo de energia e reduzam o impacto ambiental.
Com base na ideia inicial do dimensionamento e com o auxílio da bibliografia e pesquisa, desenvolveu-se o projeto sempre focando no melhor rendimento e sem esquecer dos detalhes que influenciam o resultado. É importante ter em mente que, quando se trata do dimensionamento de um sistema de ventilação, não há atalhos ou meio termo. Mesmo um projeto que aparenta ser simples requer do projetista um conhecimento aprofundado.
O sistema de ventilação local exaustora, por se tratar de um sistema que capta o poluente diretamente da sua fonte geradora e o transporta até o tratamento onde é recolhido e armazenado, evitando que ele se disperse no ambiente, acaba sendo o meio mais eficaz no controle da poluição. Isso proporciona aos beneficiados melhores condições de trabalho e, por que não dizer, melhores condições de vida.
Este estudo de caso foi desenvolvido no galpão de uma empresa que realiza trabalhos no segmento de energia elétrica, localizada na AM-010, km 22, dentro da subestação de transmissão de 500 kV, “encravada e cercada” dentro da floresta amazônica (nossas manhãs o orvalho é presente). Este galpão tem 180 m² de área construída, com pé direito de 4 metros, cobertura em alumínio galvanizado e parede de alvenaria com duas portas de ferro individuais corrediças de 12 m², dando acesso à área externa, contando apenas com ventilação natural e iluminação natural (externa) e iluminação com lâmpadas de LED (interna).
Foram instalados e distribuídos 10 ventiladores do modelo Ventilador Industrial Grande de 100 cm quadrado, com 3 pás de polietileno e 1 metro de diâmetro do fabricante IW8, distanciados um do outro por 2 metros, conforme a figura 12.
Figura 12: Ventilador Industrial Grande de 100cm quadrado.
Antes do estudo de caso o galpão encontrava-se conforme as fotos abaixo:
Fotos 1 à esquerda: almoxarifado.
Foto 2 à direita: workshop.
Fotos 3 à esquerda: porta acesso ao galpão.
Foto 4 à direita: área de armazenamento de equipamentos.
Após o estudo de caso o galpão ficou com o layout, de acordo com a foto
Figura 13: Ventilador industrial Grande de 100cm instalados.
Antes da realização do estudo de caso, os empregados que trabalhavam nesse ambiente constantemente se queixavam do desconforto e incômodo ao realizar suas tarefas e permanecer no galpão, além de muitos equipamentos: transformadores, chaves seccionadoras, buchas, disjuntores, fusíveis, parafusos etc estarem com suas partes metálicas oxidadas. Após a implementação do estudo de caso e das medidas propostas, houve uma significativa melhoria no conforto e satisfação dos empregados e dos equipamentos, máquinas, itens, resultando em um ambiente de trabalho mais agradável e seguro. Além disso, verificou-se uma diminuição na oxidação dos materiais e equipamentos expostos, o que trouxe benefícios como economia, maior durabilidade e confiabilidade dos mesmos.
Foi implantado em nossas rotinas operacionais a verificação e monitoramento da umidade relativa do ar e da temperatura, mensurada com um termo-higrômetro, umidade relativa do ar até 80%, além de, materiais específicos, armazenados em estufas apropriadas, também mensuradas com o mesmo equipamento, calibrado conforme normas apropriadas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho demonstrou que a escolha adequada e o dimensionamento preciso dos sistemas de ventilação são essenciais para garantir o melhor desempenho e condições de trabalho em ambientes industriais. A pesquisa evidenciou que o sistema de ventilação local exaustora é altamente eficaz no controle da poluição e na promoção de um ambiente de trabalho saudável.
A aplicação do sistema no galpão da empresa de energia elétrica resultou em melhorias significativas no conforto térmico e no bem-estar dos trabalhadores, bem como na preservação dos materiais e equipamentos. A redução da oxidação trouxe benefícios econômicos e aumentou a durabilidade e confiabilidade dos equipamentos, máquinas e materiais utilizados.
Portanto, ao desenvolver projetos de ventilação, é crucial considerar não apenas a eficiência energética e a sustentabilidade ambiental, mas também os impactos diretos sobre a saúde e o conforto dos trabalhadores bem como a segurança na performance dos itens. O sucesso do estudo de caso reflete a importância de uma abordagem detalhada e bem fundamentada no planejamento e implementação de sistemas de ventilação.
REFERÊNCIAS
CREDER, H. Ventilação e Qualidade do Ar. São Paulo: Editora Blucher, 2004.
GIVONI, Baruch. Man, Climate and Architecture. 2nd ed. New York: Van Nostrand Reinhold, 1976.
KRARTI, M. Energy Audit of Building Systems: An Engineering Approach. Boca Raton: CRC Press, 2001.
MATHISEN, H. M.; HAGHIGHAT, F. Air Quality and Thermal Performance in Buildings. ASHRAE Transactions, 1989.
MATHAUDHU, S. N. Sustainable Building Design. Journal of Green Building, 2000.
PAULINO, H. P. et al. Estudo de Caso: Aplicação de Ventilação Mecânica Controlada como Melhoria de Conforto em Ambientes de Manutenção. Manaus: Trabalho ventilação, 2023.