SESEST - Multidisciplinary Scientific Journal

ESTUDO REFLEXIVO SOBRE A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL Á MULHER ENCARCERADA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

ESTUDO REFLEXIVO SOBRE A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL Á MULHER ENCARCERADA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REFLECTIVE STUDY ON CARE FOR NON-PRENATAL ILLNESSES FOR WOMEN IN CHARGE: AN INTEGRATIVE REVIEW

Carmen Menezes Marques1
Yonara Bezerra Wanderley2
Edylene Maria pereira3
Jocilane Lima de Almeida Vasconcelos4
1,2,3,4Doutorandas em Saúde Pública- Universidad de Ciências Empresariales y Sóciales

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo descrever a atuação do enfermeiro na atenção pré-natal com mulheres em sistema carcerário e identificar as dificuldades dos enfermeiros na atenção pré-natal às encarceradas. Utilizou-se como procedimento metodológico a revisão integrativa, onde os dados foram coletados nas bases LILACS, MEDLINE, biblioteca virtual SciELO e publicações no Ministério da Saúde e leis brasileiras. Foram selecionados 20 artigos que após o refinamento ficaram 15 que atenderam aos critérios de inclusão. Por meio dos resultados obtidos pôde-se inferir que o pré-natal é um direito de toda mulher, porém quando esta se encontra encarcerada, medos e desesperos podem aparecer e é a partir desse caso que, o profissional de enfermagem tende a está à frente e habilitado para lhe garantir a melhor assistência, já que a dificuldade de se manter um pré-natal é quase impossível devido suas condições de encarceramento. Desse modo, embora exista uma política pública para a gestante, no sistema carcerário ainda persiste uma dificuldade em resguardo desta gravidez e o profissional de enfermagem procura um atendimento eficiente e plausível para o bem desta classe de mulheres que tanto necessitam de apoio em meio a tantos entraves sociais.

Palavras-chave: Saúde da Mulher; Pré-Natal; Cuidados de Enfermagem; Prisões.

ABASTRACT

This research aims to describe the role of nurses in prenatal care with women in the prison system and to identify the difficulties of nurses in prenatal care for incarcerated women. The integrative review was used as a methodological procedure, where data were collected in LILACS, MEDLINE, SciELO virtual library and publications in the Ministry of Health and Brazilian laws. Twenty articles were selected and after refinement, 15 met the inclusion criteria. Through the results obtained, it could be inferred that prenatal care is a right of every woman, but when she is incarcerated, fears and despair may appear and it is from this case that the nursing professional tends to be ahead and qualified to guarantee you the best care, since the difficulty of maintaining prenatal care is almost impossible due to their incarceration conditions. Thus, although there is a public policy for pregnant women, in the prison system there is still a difficulty in protecting this pregnancy and the nursing professional seeks an efficient and plausible care for the good of this class of women who so much need support among so many social barriers.

Keywords: Women’s Health; Prenatal; Nursing care; Prisons.

RESUMEN

Esta investigación tiene como objetivo describir el papel de las enfermeras en la atención prenatal con mujeres en el sistema penitenciario e identificar las dificultades de las enfermeras en la atención prenatal a mujeres encarceladas. La revisión integradora se utilizó como procedimiento metodológico, donde se recolectaron datos en LILACS, MEDLINE, biblioteca virtual SciELO y publicaciones en el Ministerio de Salud y leyes brasileñas. Se seleccionaron veinte artículos y, después del refinamiento, 15 cumplieron los criterios de inclusión. De los resultados obtenidos se podría inferir que la atención prenatal es un derecho de toda mujer, pero cuando está encarcelada pueden aparecer miedos y desesperación y es de este caso que el profesional de enfermería tiende a estar adelantado y capacitado para garantizarle la mejor atención, ya que la dificultad de mantener la atención prenatal es casi imposible debido a sus condiciones de encarcelamiento. Así, si bien existe una política pública para la gestante, en el sistema penitenciario aún existe una dificultad para proteger este embarazo y el profesional de enfermería busca una atención eficiente y plausible para el bien de esta clase de mujeres que tanto necesitan apoyo entre tantas personas. muchas barreras sociales.

Palabras clave: Salud de la mujer; Cuidado prenatal; Cuidado de enfermería; Prisiones

INTRODUÇÃO

A assistência de enfermagem no pré-natal é uma dimensão fundamental na promoção da saúde das gestantes, sendo essencial para garantir não apenas o bem-estar da mãe, mas também o desenvolvimento saudável do bebê. Quando se fala em mulheres encarceradas, essa assistência se torna ainda mais relevante, considerando as particularidades e os desafios que essas mulheres enfrentam. O ambiente prisional, marcado por condições de vida muitas vezes precárias e restrições de acesso à saúde, agrava as dificuldades na gestação e pode potencializar riscos tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.

É crucial entender a realidade dessas mulheres, que vivem em um contexto de vulnerabilidade social e econômica. Muitas vezes, elas já enfrentam problemas de saúde pré-existentes, além da falta de suporte emocional e familiar. A atuação da equipe de enfermagem se torna essencial para garantir que essas gestantes recebam cuidados adequados, que compreendam tanto o acompanhamento físico quanto o suporte emocional e psicológico necessário para enfrentar a gravidez nesta situação adversa.

Ressalta-se que a assistência de enfermagem no pré-natal das encarceradas deve ser abordada de forma humanizada e respeitosa, levando em consideração as especificidades culturais e as experiências de vida dessas mulheres. A formação dos profissionais de saúde, assim como a implementação de políticas públicas voltadas a esse grupo, são aspectos fundamentais para garantir um atendimento que vá além do cuidado físico, promovendo a dignidade e a saúde integral dessas gestantes.

Nessa perspectiva, discutir a assistência de enfermagem no pré-natal para mulheres encarceradas é abrir espaço para reflexões sobre a efetividade do sistema de saúde dentro do contexto prisional e a necessidade de uma abordagem integrada que priorize os direitos e a saúde dessas mulheres. Este tema não só contribui para o aprimoramento dos cuidados em saúde, mas também para a construção de uma sociedade mais justa, onde todas as mulheres, independentemente de sua condição, tenham acesso ao cuidado e à proteção que merecem durante a gestação

A assistência e cuidados durante o período da gravidez envolvem atitudes e comportamentos que cooperam para aumentar uma atenção em saúde de qualidade, com direitos e deveres, entendendo-se o grau de informações das mulheres a cerca do próprio corpo e condições de saúde, aumentando a qualidade vida e se adaptando ao seu contexto biológico1.

A atenção pré-natal no Brasil é configurada pelas diretrizes do Programa de Humanização do Parto e Nascimento (PHPN) instituído pelo Ministério da Saúde (MS) em 2000, que se fundamenta na humanização da assistência como condições para a adequação ao acompanhamento da gestação, ou seja, a atenção adequada no período da gestação pode evitar complicações obstétricas, retardando o crescimento uterino, baixo peso e prematuridade neonatal, contribuindo para redução da morbidade e mortalidade materno-infantil. Uma atenção adequada durante a gravidez independe do local de atendimento, quer seja no domicílio, centro de saúde ou hospital, a gestante e família devem receber cuidados e um conjunto de ações com vistas à prevenção e promoção de doenças por meio da educação em saúde, acolhimento, vínculo de confiança, dentre outras tecnologias2.

A Lei de Execução Penal (LEP) nº 11.942/09 assegura às mães presidiárias e seus bebês condições mínimas de assistência à saúde com direitos à mulher e seus filhos em situação de cárcere, necessidade de que se tenha assistência diferenciada e qualificada para o cuidado materno-infantil, porém mesmo assegurada por lei o sistema não atende ao idealizado, visto que  em muitos casos as gestantes presidiárias iniciam o pré-natal muito tardiamente e os serviços nem sempre cumprem o mínimo de recomendações preconizadas pelo programa de humanização do parto e nascimento3.

A assistência pré-natal é reconhecida como componente principal que pode contribuir para diminuição da mortalidade materno-infantil, porém mesmo com a criação de programas visando à melhoria da atenção pré-natal, percebe-se que muitas mulheres ainda não têm garantias de acesso a estes direitos principalmente as que vivenciam o período de gravidez em penitenciárias4.

O pré-natal é uma consulta de enfermagem que deve assegurar o desenvolvimento da gestação, acolhendo a grávida desde o início, possibilitando, o nascimento de um neonato saudável. Neste caso, o papel do enfermeiro nesse momento é importante, aumentando a esta gravida a coragem de enfrentar esse período conferindo-lhe o papel gestante com boas práticas e uma qualidade de vida ainda que privada garantida5.

Para isso este artigo, justifica-se devido entender que o sistema penitenciário brasileiro apresenta sérios problemas, destacando-se os mais variados como exemplos de descaso com a população carcerária: estrutura, educacional, de assistência à saúde, jurídica, não havendo qualidade suficiente às necessidades dos presos, como assegurar a preservação dos direitos e em meio a tantos problemas será que o enfermeiro consegue fazer uma assistência de enfermagem adequada a grávida que está presa.

Desse modo, esta pesquisa tem como objetivo descrever a atuação do enfermeiro na atenção pré-natal com mulheres em sistema carcerário e identificar quais as dificuldades dos enfermeiros na atenção pré-natal às encarceradas.

METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura integrativa, este método de revisão é mais amplo, pois desempenha importante papel em estimular pesquisas futuras sobre determinado assunto, criando a possibilidade de criar novas ideias e direções em um campo de estudo definido.

Foi realizada uma busca nas bases de dados e foram identificados cerca de 20 trabalhos, dos quais 18 foram selecionados após aplicação dos critérios de inclusão, sendo que 15 apresentaram conteúdo relevante ao tema proposto. A busca bibliográfica se embasou nos bancos de dados Base de Dados de Enfermagem (BDENF) 5 artigos e Biblioteca Científica Eletrônica Online (SciELO) 5 artigos, além de material publicado pelo Ministério da Saúde e leis sancionadas no BRASIL 5 documentos, nos termos “Atuação da do enfermeiro a gestante carcerária”, “pré-natal”, “mulher grávida na prisão”, como descritor do artigo e “Assistência de enfermagem” como palavra em todo texto.

 A revisão compreendeu o período de 2015 a 2022 conforme quadro 2, porém foram utilizados manuais e leis conforme quadro 1 fora deste período que servem de base em âmbito nacional. Foram encontrados poucos artigos que relacionavam enfermagem e pré-natal da gestante, cujos critérios de inclusão utilizados as foram: adequação à temática, artigos publicados em inglês, português ou espanhol e que tivessem sido publicados nos últimos anos (2015 a 2022). E como critérios de exclusão: artigos que não estavam disponíveis na íntegra, dissertações ou teses, publicações fora do período estipulado com ressalva as leis e manuais do utilizados em âmbito nacional ou revisões de literatura que não especificavam muito a temática abordada.

Quadro1: Manuais e leis usadas na análise dos artigos.

Local de PublicaçãoAnoTitulo
Ministério da saúde1.2000Assistência ao pré-natal/ Manual técnico
Ministério da saúde2.2002Programa de humanização do parto
Código Penal3.2009Lei nº 11.942, de 28 de maio de 2009
Ministério da saúde4.2012Caderno de atenção Básica pré-natal de baixo risco
Ministério da saúde5.2006Manual técnico de pré-natal e puerpério

Quadro 2: Artigos selecionados para análise.

Autor e ano de publicaçãoObjetivoResultadoConclusão
FOCHI, M. C.S.; SILVA, A.R.C.; LOPES, M.H.B.M. (2015)6.Objetivou-se descrever a assistência pré-natal realizada em uma unidade básica de saúde do interior do estado de São Paulo, Brasil, e ofertada à população carcerária feminina.A assistência pré-natal oferecida às gestantes permitiu conhecer o universo pluralizado da mulher presidiária e suas necessidades decorrentes da condição de ser gestante em ambiente prisional.Assim, considera-se importante o atendimento digno à saúde da população carcerária, direito humano e constitucional, para evitar agravos físicos, emocionais e sociais, que na gestante, pode se estender à sua prole.
FLORES, N.M.P.; SMEH, L.N. (2018)7.Elucidar a repercussão da prisão da mulher no âmbito da maternidade e das relações interpessoais, estabelecidas antes e durante o cumprimento da pena.A precariedade das relações interpessoais estabelecidas durante o cumprimento da pena influencia na possibilidade do exercício da maternidade no contexto prisional.É necessário investimento para mediar o ambiente prisional, a fim de torná-lo mais favorável às relações interpessoais entre as presas, o que poderá propiciar um ambiente menos hostil para o acolhimento de visitantes, tendo em vista o fortalecimento dos vínculos com filhos e familiares.
MATOS, K.K.C.; COSTA E SILVA, S.P.; SOUZA LIMA, J.K. (2018)8.Compreender as representações sociais de gestantes e puérperas encarceradas sobre o gestar enquanto vivendo em Colônias Penais.Marcaram-se as representações da gestação durante o encarceramento pela ausência de serviços e infraestrutura, com pré-natal falho e dificuldades para a realização de exames, além da dicotomia entre querer estar com o filho, mas ter que criá-lo em tal ambiente.Evidenciou-se a necessidade de repensar o atendimento de saúde na prisão contribuindo-se para a efetivação de políticas públicas e garantindo-se os direitos daqueles que se encontram atrás das grades, especialmente mulheres e crianças.
OLIVEIRA, L.V.; MIRANDA, F.A.N.; COSTA, G.M.C. (2015)9.O estudo teve como objetivo compreender a vivência da maternidade para presidiárias.A vivência da maternidade no ambiente prisional é permeada por sofrimentos e limitações. No entanto, a permanência da criança junto à mãe gera consolo em meio à angústia e minimiza, mesmo que temporariamente, as dificuldades no cárcere.É mister implantar ações intersetoriais que favoreçam a relação mãe e filho no contexto do aprisionamento.
FOCHIL, M.C.S.; HIGA, R.; CAMISÃO, A.R.; Et al. (2017)10.Buscou-se conhecer as vivências de gestantes em situação prisional.  Demonstraram sentimento de culpa e dor devido a privação de vivenciar a maternidade e a amamentação, além de medo de perder a guarda de seu filho. Para conviver no cárcere, as mulheres tiveram que se adaptar à nova realidade.As gestantes presidiárias buscam se auto proteger para sobreviver as perdas e ao rompimento dos laços afetivos e sociais.
SANTOS, D.S.S.; BISPO, T.C.F. (2018)11.Analisar a produção científica acerca da relação mãe e filho no contexto de privação de liberdade.Analisar a produção científica acerca da relação mãe e filho no contexto de privação de liberdade.Produção científica acerca da relação mãe e filho no contexto de privação de liberdade mostra que é necessária maior atenção à mulher que vivencia a maternidade em situação de privação de liberdade, tendo em vista que o ambiente da prisão tem fortes implicações para o estabelecimento da relação mãe-filho e para a formação do vínculo nesse binômio.
ANDRADE, A.B.C.A.; GONÇALVES, M.J.F. (2018)12.Descrever os desfechos, identificados na literatura, da gestação, parto e puerpério em mulheres privadas de liberdade.O acompanhamento pré-natal efetivo é realidade apenas em países desenvolvidos; a falha na comunicação entre o sistema prisional e familiares de gestantes e puérperas, o uso de algemas durante o trabalho de parto e parto, são fragilidades na assistência à esta parcela populacional.Os desfechos descritos mostram as fragilidades que permeiam a assistência à esta parcela populacional. Os resultados reafirmam a necessidade de melhorias na assistência e subsidiam o desenvolvimento de pesquisas interessadas em explorar as relações entre o regime prisional e o ciclo gravídico-puerperal.
FELIX, R.S.; FRANÇA, D.J.R.; NUNES, J.T.; Et al. (2017)13.Descrever a atuação do enfermeiro na atenção pré-natal com mulheres em sistema carcerário; identificar dificuldades dos enfermeiros na atenção pré-natal às encarceradas.Três categorias foram identificadas << Perfil das mulheres encarceradas >>;<<Consulta de enfermagem como ação humanizada durante o pré-natal >>;<< Precárias condições de assistência à saúde da gestante encarcerada >>.Embora existam políticas públicas voltadas para a população encarcerada, estas estão distantes de alcançar suas metas, haja vista que os direitos das apenadas estão garantidos por lei, porém na prática não são respeitados.
ROCHA, A.P.F.; FARIAS, S.S.; LOZANO, L.O.; OLIVEIRA, B.G. (2019)14.Avaliar a efetividade da assistência de enfermagem prestada à gestante em situação de cárcereAs análises demonstram fragilidade das ações de enfermagem ofertadas à população gestante reclusa, vistos algumas dificuldades encontradas específicas do ambiente prisional, segundo os estudos, relatados pelos próprios profissionais e por internas custodiadas, que se encaixam no perfil da pesquisa.O profissional de enfermagem encontra diversos impedimentos acerca da aplicação da assistência à população privada de liberdade, vistos os procedimentos padrões adotados no ambiente carcerário, que por vezes, vão de encontro às atividades de promoção de saúde.
MELO, J.K.N. et al (2017)15.  Neste estudo foi avaliada a assistência de enfermagem às mulheres em cárcere privado.Avaliação da assistência de enfermagem às mulheres em cárcere privado é um parâmetro necessário para aprofundar os conhecimentos sobre a realidade da assistência de enfermagem no sistema prisional.Diante disso, é necessário reforçar a qualidade da formação de profissionais de enfermagem para assistência prestada as mulheres em sistema prisional.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio dos resultados dos artigos analisados é quase unânime que os profissionais enfermagem tem dificuldades para atuar no âmbito carcerário, uma vez que seja por recurso mínimos necessários para seu trabalho ou  por falta de motivação das encarceradas, mesmo assim o país (Brasil) adota várias medidas para que esta gestante tenha a melhor assistência possível contudo muitas vezes o sistema não adota medidas para que o enfermeiro também possa atuar de forma sucinta, já que este profissional possui o conhecimento técnico-cientifico mais restrito a hospitais e quando se depara com o sistema carcerário se encontra perdido já que é algo novo e que não recebeu instruções para atuar dentro do sistema afinal ele não contara apenas com a parte técnica, mais principalmente com o emocional da gestante6.

O despreparo do local prisão mostra inicialmente o porquê a gestante não consegue um atendimento de qualidade pela assistência uma vez que dentro da unidade prisional encontram-se pessoas de diversos níveis, consciência e vidas. Dentre as principais particularidades da baixa qualidade do atendimento e principalmente no pré-natal das grávidas, destaca-se a o baixo nível de conhecimento técnico-cientifico pelo profissional, o medo durante o atendimento e a falha muitas vezes de informações entre os profissionais de saúde das unidades levando a atrasos das consultas das gestantes, procedimentos e orientações não realizadas corretamente, que pode se dar por conta da ausência de educação continuada aos profissionais de saúde, a fim de capacitá-los para atuação no meio em questão, além da devida atenção à prática das condutas acolhedoras previstas ao pré-natal7.

Por outro lado, há uma ligação em entre saúde e segurança, motivo causador de grande estresse aos profissionais seja de saúde ou não, porque em alguns casos são impedidos de exercer a assistência em sua integralidade, o que irá contra o que é atribuído ao enfermeiro privando a responsabilidade por todo o serviço de enfermagem. Com isso, a enfermagem acaba possuindo um pequeno espaço neste ambiente tão hierárquico, que mantém posse total da vida de seus custodiados, que ressalta a segurança sobre todas as outras prioridades8.

As pessoas são fruto do meio em que se localiza, e seria um contrassenso imaginarmos uma unidade prisional onde os sentimentos e sensações se mantenham a flor da pele. O medo e ansiedade neste local andam juntos, caminham lado a lado. Isso explica um pouco muitas questões relacionadas a eventuais possíveis falhas na assistência de enfermagem, como na comunicação durante este cuidado, contudo as condutas dos profissionais de enfermagem estão pautadas na ética e na responsabilidade com o próximo, mas não estão dissociadas dos sentimentos desse profissional9.

Além disso, mostra-se relevante o aumento de investimento voltado à saúde das presidiárias no pré-natal, uma vez que quanto maior o investimento menor terá a taxa de mortalidade materno-infantil, quanto mais se levar o conhecimento e um atendimento de qualidade maior será a percepção da gestante devido aos maiores riscos no espaço prisional, como pelas mudanças que ocorrem no seu corpo, principalmente se ela for primigesta. Nesse contexto, o papel do enfermeiro é de extrema relevância, visto que é um dos principais profissionais atuantes na prevenção do surgimento de agravos à saúde10.

É perceptível a atuação do Enfermeiro no pré-natal das presidiárias, sendo em alguns casos pode ser o único profissional que realizar o acompanhamento neste período dentro da unidade prisional o momento, e a efetiva cobertura vacinal, disponibilização de exames e medicamentos. O pré-natal tem a finalidade de detectar possíveis complicações que possam vir a colocar em risco a vida materno-infantil, de modo a reduzir a mortalidade, sendo assim, este consiste em realizar a avaliação e busca de diversos fatores determinantes das condições de saúde-doença da gestante visando interferir de maneira benéfica11.

A atenção durante o pré-natal constitui-se em uma das ações mais importantes, com impactos positivos em indicadores materno-infantis. Assim, o objetivo o acolher a gestante ainda no início da gravidez, assegurando, no fim da gestação, a saúde e o bem-estar materno infantil, através de um atendimento qualificado e humanizado, evitando condutas ineficientes, para tanto o necessário no mínimo sete consultas com profissionais Médicos e/ou Enfermeiros de modo alternado12.

A consulta de Enfermagem durante o pré-natal visa avaliar o estado de saúde atual da gestante, procurando identificar problemas em potencial que prejudiquem a vida para a mãe e o feto, já que e unidade prisional é um lugar hostil, dessa forma o Enfermeiro avalia os ricos da paciente através de: anamnese e exame físico; perguntas se já é teve mais de um filho, exames laboratoriais; ausência de suplementos; estado nutricional; situação vacinal; entre outros, em caso de alteração poderá verificar a real necessidade realizar envio para uma maternidade de referencia13.

A humanização na assistência é de suma importância em toda e qualquer forma de assistência à saúde, independente do sexo, condição social, idade e se estão em unidades prisionais. A desumanização reflete a má qualidade do serviço, podendo levar problemas á saúde das gestantes e seu feto14.

É durante o pré-natal as dúvidas devem ser esclarecidas e mostradas, a fim de proporcionar uma gestação e puerpério tranquilo à mulher, neste momento, o Enfermeiro deve procurar possíveis deficiências no conhecimento da gestante no intuito de realizar a educação continuada em saúde visando a promover do bem-estar da mesma evitando assim que a gestante venha a ter complicações após o parto, orientando-a durante todo o período de gravidez 15.

Nesse pensamento, a assistência de enfermagem no pré-natal é um aspecto fundamental para a saúde das mulheres encarceradas, refletindo não apenas o cuidado com a saúde física, mas também promovendo o bem-estar emocional e psicológico. Trabalhar com mulheres nesse contexto requer uma abordagem sensível e humanizada, que considere as particularidades da vivência dessas mulheres, que muitas vezes já enfrentam diversas adversidades. A assistência adequada durante a gestação pode prevenir complicações e promover um desenvolvimento saudável do feto.

Uma das principais importâncias da assistência de enfermagem no pré-natal de mulheres encarceradas é a identificação precoce de riscos e a promoção de intervenções necessárias. Muitas dessas mulheres podem não ter tido acesso adequado a cuidados de saúde antes de serem detidas, e o ambiente carcerário pode agravar problemas de saúde preexistentes. Enfermeiros e outros profissionais de saúde são essenciais para realizar avaliações regulares e monitorar o estado de saúde da gestante, garantindo que elas recebam a assistência médica adequada, como exames laboratoriais, ultrassonografias e acompanhamento psicológico.

Além disso, a assistência de enfermagem também desempenha um papel crucial na educação em saúde. As enfermeiras podem fornecer informações vitais sobre cuidados pré-natais, nutrição, higiene e o que esperar durante o parto, ajudando a desmistificar o processo e a reduzir a ansiedade dessas mulheres. A educação em saúde contribui para que elas possam tomar decisões mais informadas sobre sua saúde e a do bebê, promovendo a autonomia e a autoeficácia.

Por último, mas não menos importante, a assistência de enfermagem no pré-natal para mulheres encarceradas deve incluir um suporte psicológico e emocional. O encarceramento pode ser uma experiência traumatizante, e a gestação em um ambiente carcerário pode trazer incertezas e medos. O cuidado deve abranger também esse aspecto, oferecendo escuta ativa e apoio emocional, ajudando essas mulheres a lidarem com suas angústias e a se prepararem para o momento do parto e a maternidade. Essa abordagem integral não apenas beneficia a saúde das mães e dos bebês, mas também pode contribuir para a formação de vínculos afetivos que são essenciais para o desenvolvimento saudável da criança.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou um conhecimento sobre qual a real situação das gestantes dentro do sistema prisional através desta revisão integrativa dos últimos cinco anos, identificando acima de tudo os problemas enfrentados pelo profissional de enfermagem, sua realidade e principalmente os muitos impedimentos na realização da função, devido a vários fatores específicos deste ambiente que pode ser visto como atentado a segurança.

Tais impedimentos foram referidos na maioria dos artigos, além dos problemas enfrentados pela equipe de enfermagem, sendo que fica visível a necessidade de se fazer um melhor atendimento e um acolhimento mais eficaz, ficando vezes embargado por procedimentos padrões, hierárquicos, adotados pelo Sistema, pois, há a necessidade de prezar pela segurança prevista para o recinto.

Entende-se que a saúde da gestante principalmente pré-natal no sistema penal carece de investimentos, aprimoramentos de estrutura, estudos técnico-científicos e de olhar humano para com as gestantes, empenhando o desenvolvimento de políticas capazes de fornecer cuidados e ações de prevenção mais intensas quanto aos riscos na gravidez, levando em conta a vulnerabilidade das encarceradas, a indispensabilidade do cuidado com a gestante durante todo o pré-natal e, que posteriormente, irá refletir no desenvolvimento do neonato.

Portanto apesar de poucas referências a respeito da enfermagem no pré-natal adiante as gestantes encarceradas, entende-se que o profissional enfermeiro possui todos os conhecimentos técnico-cientifico para atuar na unidade prisional, porém, o mesmo deve está em constantes estudos para melhor assistir esta gestante.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

  1. BRASIL, Ministério da Saúde. Assistência ao pré-natal/ Manual técnico. 2000. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_11.pdf. Acessado em: 10/04/2024
  • FOCHI, M. C.S.; SILVA, A.R.C.; LOPES, M.H.B.M. Pré-natal em unidade básica de saúde a gestantes em situação Prisional. Rev Rene. 2015 mar-abr; 15 (2):371 DOI:10.15253/21756783.2014000200023 
  • FLORES, N.M.P.; SMEH, L.N. Mães presas, filhos desamparados: maternidade e relações interpessoais na prisão. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 28 (4), e280420, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312018280420
  • OLIVEIRA, L.V.; MIRANDA, F.A.N.; COSTA, G.M.C. Vivência da maternidade para presidiárias. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2015 abr./jun.;17(2):360-9. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v17i2.29784.
  1. FOCHIL, M.C.S.; HIGA, R.; CAMISÃO, A.R.; Et al. Vivências de gestantes em situação de prisão. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2017. Disponível em: http://doi.org/10.5216/ree.v19.46647.
  1. SANTOS, D.S.S.; BISPO, T.C.F. Mãe e filho no cárcere: uma revisão sistemática. Rev baiana enferm. 2018;32:e22130.
  1. ANDRADE, A.B.C.A.; GONÇALVES, M.J.F. Maternidade em regime prisional: desfechos maternos e neonatais. Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(6):1763-71, jun., 2018. https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i6a234396p1763-1771-2018
  1. FELIX, R.S.; FRANÇA, D.J.R.; NUNES, J.T.; Et al. O enfermeiro na atenção pré-natal as mulheres em sistema carcerário. Rev enferm UFPE on line., Recife, 11(10):3936-47, out., 2017. DOI: 10.5205/reuol.12834-30982-1-SM.1110201731
  1. ROCHA, A.P.F.; FARIAS, S.S.; LOZANO, L.O.; OLIVEIRA, B.G. A assistência de enfermagem prestada às gestantes privadas de liberdade. Enfermagem Brasil 2019;18(1);149-153
  1. MELO, J.K.N. et al. Assistência de enfermagem às mulheres em cárcere privado. R. Interd. v. 10, n. 2, p. 151-159, abr. mai. jun. 2017.
SESEST - Multidisciplinary Scientific Journal

Envie sua Publicação!

Compartilhe suas descobertas

×