Temporal Analysis of Accidents in the Rural Sector of Amazonas between 2018 and 2021
Elaine Vasconcelos da Silva Pinto [1]
Resumo
A análise de acidentes no setor rural é essencial para entender as dinâmicas de trabalho e as condições de segurança em áreas remotas e frequentemente desassistidas. O Amazonas, com sua vasta extensão territorial e diversidade de atividades agrícolas, apresenta um cenário único para esse tipo de estudo. Desta forma, o objetivo deste estudo é realizar uma análise temporal dos acidentes ocorridos no setor rural do Amazonas entre os anos de 2018 e 2021, identificando padrões, causas predominantes e possíveis medidas preventivas. Os resultados apontaram uma prevalência de acidentes nos municípios de Itacoatiara, Presidente Figueiredo e Boca do Acre. Diante dos resultados, fica evidente a necessidade urgente de implementar medidas de segurança mais rigorosas e programas de prevenção específicos, focados nas características particulares desses municípios, para reduzir a incidência de acidentes e melhorar as condições de trabalho.
Palavras-chave: segurança do trabalho. agricultura. acidentes ocupacionais.
1.INTRODUÇÃO
O setor rural no estado do Amazonas é vital para o sustento das comunidades locais e a economia regional. No entanto, o trabalho rural é intrinsecamente perigoso devido ao uso de maquinário pesado, exposição a produtos químicos, condições climáticas adversas e infraestrutura inadequada. Esses elementos tornam o ambiente de trabalho propenso a uma alta incidência de acidentes, que podem variar desde lesões leves até casos fatais (ARAÚJO; OKAWA, 2016).
Nos últimos anos, a mecanização crescente e a intensificação das atividades agrícolas têm contribuído para o aumento de acidentes no campo. Os trabalhadores rurais frequentemente enfrentam longas jornadas, muitas vezes sem pausas adequadas, o que pode resultar em fadiga e elevar o risco de acidentes. Além disso, a falta de treinamento adequado e o uso insuficiente de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) agravam ainda mais a situação. Compreender as dinâmicas dos acidentes no setor rural é essencial para a formulação de políticas públicas e medidas preventivas eficazes (AMBROSI; MAGI, 2000).
A análise temporal dos acidentes de trabalho é uma ferramenta valiosa para identificar tendências e padrões que podem não ser visíveis em uma análise estática. Estudos temporais permitem observar variações sazonais, identificar períodos de maior risco e correlacionar esses dados com fatores externos como condições climáticas, ciclos de colheita e mudanças na legislação trabalhista (MENEGON et al., 2021).
No caso do Amazonas, um estado com vasta extensão territorial e características geográficas únicas, tais análises são ainda mais relevantes. A dispersão das propriedades rurais e as dificuldades de acesso e comunicação podem influenciar significativamente a ocorrência e a gravidade dos acidentes.
Com base nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo realizar uma análise temporal dos acidentes ocorridos no setor rural do Amazonas entre os anos de 2018 e 2021. Pretende-se identificar padrões, causas predominantes e possíveis medidas preventivas, contribuindo para a melhoria das condições de trabalho e a redução dos riscos de acidentes no campo.
2.REVISÃO DA LITERATURA
A literatura sobre acidentes no setor rural abrange diversos aspectos, incluindo o contexto dos acidentes, fatores de risco, impacto na saúde dos trabalhadores, legislação e políticas de segurança, e estratégias de prevenção. Esta revisão examina estudos e publicações relevantes para fornecer uma compreensão abrangente do tema.
2.1 Contexto dos Acidentes no Setor Rural
O setor rural do Amazonas envolve atividades agrícolas, pecuárias e extrativistas, essenciais para a economia local, mas também apresentam elevados riscos ocupacionais. A região amazônica, devido às suas características geográficas e climáticas, impõe desafios únicos aos trabalhadores rurais. A extensão territorial e a dificuldade de acesso às propriedades rurais são fatores que contribuem para a complexidade do trabalho no campo. Além disso, a diversidade de culturas agrícolas e sistemas de produção pecuária exige diferentes técnicas e equipamentos, muitas vezes aumentando o potencial de acidentes.
O trabalho no campo é frequentemente realizado em condições adversas, com infraestrutura precária e acesso limitado a serviços de saúde e segurança. As estradas de difícil acesso, a ausência de comunicação eficaz e a falta de instalações sanitárias adequadas são exemplos de infraestrutura insuficiente que agravam os riscos ocupacionais. A falta de infraestrutura adequada, como estradas e hospitais próximos, dificulta o atendimento emergencial em caso de acidentes, prolongando o tempo de resposta e potencialmente aumentando a gravidade das lesões (AMBROSI; MAGI, 2000).
O uso de maquinário pesado e a exposição a agentes químicos são fatores que aumentam a probabilidade de acidentes. As máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, são indispensáveis para a produção em larga escala, mas seu manuseio inadequado pode levar a acidentes graves. A literatura destaca que muitos trabalhadores rurais não recebem treinamento adequado para operar essas máquinas, o que resulta em um aumento significativo no número de acidentes. Além disso, a exposição a pesticidas e herbicidas sem o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é uma preocupação constante, uma vez que pode causar intoxicações agudas e doenças crônicas (ARAÚJO; OKAWA, 2016).
Durante os períodos de plantio e colheita, há um aumento na demanda por mão de obra, o que muitas vezes leva à contratação de trabalhadores temporários sem a devida capacitação (VIEIRA, 2018). A sazonalidade das atividades agrícolas também influencia a ocorrência de acidentes e esses períodos de pico de atividade são acompanhados por longas jornadas de trabalho, aumentando o cansaço e o risco de erros operacionais (SCHLOSSER et al., 2002).
2.2 Fatores de Risco
Diversos fatores contribuem para a ocorrência de acidentes no setor rural do Amazonas. A literatura identifica a falta de treinamento adequado como um dos principais problemas. Muitos trabalhadores rurais começam a trabalhar desde jovens, adquirindo conhecimento prático sem a formalização de um treinamento específico em segurança. Essa lacuna educacional resulta em uma compreensão limitada das melhores práticas de segurança e do uso correto dos EPIs. A falta de conhecimento sobre práticas seguras e a resistência cultural ao uso de EPIs contribuem para a alta incidência de acidentes (ARAÚJO; OKAWA, 2016).
Mesmo quando os EPIs são disponibilizados, a adesão ao seu uso é frequentemente baixa. Isso pode ser atribuído ao desconforto, à falta de hábito e à percepção de que os EPIs não são necessários. As campanhas de conscientização e programas de treinamento contínuo são essenciais para aumentar a utilização desses equipamentos (ARAÚJO; OKAWA, 2016). Além disso, a qualidade dos EPIs fornecidos deve ser adequada às condições específicas do trabalho rural no Amazonas, considerando fatores como temperatura e umidade.
As longas jornadas de trabalho também são um fator de risco significativo. Durante os períodos de maior atividade, como plantio e colheita, os trabalhadores rurais frequentemente enfrentam dias extensos sem pausas suficientes para descanso. A fadiga resultante dessas longas horas de trabalho reduz a atenção e aumenta a probabilidade de erros operacionais (SCHLOSSER et al., 2002). A introdução de pausas regulares e a gestão adequada do tempo de trabalho podem reduzir significativamente o número de acidentes. Políticas que promovam um equilíbrio saudável entre trabalho e descanso são essenciais para melhorar a segurança no campo (GUIMARÃES et al., 2005).
Segundo Bernardelli et al. (2018) a formalização das relações de trabalho é uma etapa crucial para garantir condições de trabalho mais seguras e saudáveis. Políticas públicas que incentivem a formalização e o fortalecimento dos direitos dos trabalhadores rurais são fundamentais para reduzir a incidência de acidentes.
2.3 Impacto na Saúde dos Trabalhadores
Os acidentes no setor rural têm um impacto profundo na saúde dos trabalhadores, resultando em lesões físicas, doenças ocupacionais e, em casos extremos, mortes. As lesões físicas mais comuns incluem cortes, fraturas e amputações, frequentemente causadas por maquinário agrícola. O manuseio inadequado de equipamentos pesados, muitas vezes sem treinamento suficiente, é uma das principais causas desses acidentes (SCHLOSSER et al., 2002).
As doenças ocupacionais são outra preocupação significativa. A exposição prolongada a agrotóxicos pode levar a intoxicações agudas e a problemas de saúde crônicos, como doenças respiratórias e dermatológicas. Além disso, a falta de acompanhamento médico regular e de monitoramento de saúde agrava a situação, permitindo que doenças ocupacionais avancem sem tratamento adequado (BORTOLOTTO et al. 2020).
Além dos impactos físicos, há também consequências psicológicas associadas aos acidentes no setor rural. O estresse, a ansiedade e a depressão são comuns entre trabalhadores que sofreram acidentes ou que trabalham em condições de risco constante. A literatura destaca a importância do apoio psicológico e de programas de saúde mental para os trabalhadores rurais. Estudos mostram que a introdução de serviços de saúde mental nas áreas rurais pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos trabalhadores e reduzir os impactos psicológicos dos acidentes de trabalho (FEHLBERG ET AL., 2001).
2.4 Legislação e Políticas de Segurança
A legislação brasileira possui normas específicas para a segurança no trabalho rural, como a Norma Regulamentadora 31 (NR-31), que estabelece diretrizes para a proteção da saúde e segurança dos trabalhadores rurais. Essa norma abrange aspectos como o uso de EPIs, a sinalização de áreas de risco e o treinamento dos trabalhadores. No entanto, a aplicação dessas normas enfrenta desafios significativos no Amazonas, devido à dispersão geográfica e à informalidade do setor (BRASIL, 2005).
A fiscalização das normas de segurança no trabalho rural é um desafio devido à vastidão e à inacessibilidade de muitas áreas do Amazonas. A inspeção regular das condições de trabalho é dificultada pela distância e pela falta de recursos das autoridades locais. Estudos indicam que a utilização de tecnologias de monitoramento remoto e a capacitação de inspetores locais podem ajudar a superar esses obstáculos. Além disso, parcerias com organizações não governamentais e a criação de conselhos comunitários de segurança podem fortalecer a fiscalização (TEIXEIRA; FREITAS, 2003).
Políticas públicas específicas para o setor rural são essenciais para complementar a legislação existente. Programas de incentivo ao uso de EPIs, subsídios para a aquisição de maquinário seguro e iniciativas de educação continuada são algumas das estratégias sugeridas pela literatura. Além disso, a criação de linhas de crédito e de seguros para os trabalhadores rurais pode oferecer uma rede de proteção financeira em caso de acidentes. A integração dessas políticas com as comunidades locais é fundamental para garantir sua efetividade e adesão (TEIXEIRA; FREITAS, 2003).
A informalidade do trabalho rural é um dos maiores desafios para a implementação de políticas de segurança. Muitos trabalhadores atuam sem contrato formal, o que dificulta a fiscalização e a aplicação das normas de segurança. A literatura aponta que a formalização das relações de trabalho é crucial para melhorar as condições de segurança no campo. Políticas que incentivem a formalização, como a simplificação dos processos de registro e a oferta de benefícios fiscais para empregadores que regularizem seus funcionários, são medidas necessárias para promover um ambiente de trabalho mais seguro (FEHLBERG ET AL., 2001).
3.METODOLOGIA
Este estudo é de natureza quantitativa (SEVERINO, 2017) e visa analisar dados relativos aos acidentes de trabalho no setor rural do Amazonas entre os anos de 2018 e 2021. Para isso, foram coletados dados da plataforma Radar SIT da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), que fornece informações detalhadas sobre os acidentes de trabalho registrados no Brasil.
Os dados foram extraídos da plataforma Radar SIT, abrangendo informações como a data e o local do acidente, o tipo de lesão, a gravidade, o setor de atividade e as circunstâncias que levaram ao acidente. A análise quantitativa desses dados permite identificar padrões e tendências ao longo do período estudado, bem como fatores de risco específicos associados aos acidentes no setor rural do Amazonas.
A coleta de dados foi realizada em duas etapas principais:
Identificação e Extração de Dados: Foram selecionados os registros de acidentes de trabalho no setor rural do Amazonas disponíveis na plataforma Radar SIT. Os dados incluíram acidentes ocorridos entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021. As variáveis analisadas incluíram o tipo de acidente, a gravidade das lesões, o e o perfil dos trabalhadores.
Esta abordagem quantitativa, utilizando dados oficiais da plataforma Radar SIT, proporciona uma base sólida para entender a dinâmica dos acidentes de trabalho no setor rural do Amazonas e para sugerir medidas preventivas eficazes.
4.RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante o período analisado houveram 224 acidentes de trabalho no setor agropecuário no estado do Amazonas. Dos 62 municípios do estado (Figura 1), foram reportados acidentes em Boca do Acre, Guajará, Humaitá, Itacoatiara, Lábrea, Manaus, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e Tefé.
Figura 1. Acidentes no setor rural do Amazonas entre 2018 e 2021.
Fonte: RADAR SIT, 2024.
Os três municípios onde ocorreram mais acidentes são Itacoatiara (88), Presidente Figueiredo (44) e Boca do Acre (24). O restante ficou distribuídos em Manaus (13), Lábrea (8), Tefé (2), Rio Preto da Eva (2), Guajará (1), e Humaitá (1).
Itacoatiara é um importante município produtor de laranja, milho, castanha-do-Brasil, abacaxi, mandioca, açaí, maracujá, cebolinha e couve. Além da produção vegetal, se destaca na criação de bubalinos e suínos (IDAM, 2023). O município de Presidente Figueiredo destaca-se pela produção de açaí e laranja, enquanto Boca do Acre é conhecido pela produção de farinha, derivados de mandioca e pela indústria madeireira de desdobro secundário (IDAM, 2024).
No período reportado, dos 224 acidentes, 185 tiveram suas causas identificadas. Desses, 51 foram causados por impacto sofrido pela pessoa, 39 por impacto da pessoa contra um objeto e 23 por aprisionamento. Outros acidentes tiveram causas variadas, incluindo quedas de altura, cortes com ferramentas afiadas e contato com substâncias químicas.
A análise dos dados revelou que a maioria dos acidentes ocorreu durante o manuseio de maquinário agrícola e a manipulação de produtos químicos sem o uso adequado de EPIs. Seres vivos também foram identificados como agentes causadores de acidentes (Figura 2). Ademais, foram registrados dois acidentes fatais durante o período estudado, o que destaca a gravidade dos riscos envolvidos no trabalho rural. As partes do corpo mais frequentemente atingidas foram dedos, mãos e pés, apontando a vulnerabilidade dos trabalhadores a lesões nessas áreas.
Figura 2. Principais acidentes na agricultura e seu agente causador.
Fonte: RADAR SIT, 2024.
Conforme Teixeira e Freitas (2003), as principais causas de acidentes no campo são atribuídas ao uso inadequado de ferramentas e maquinário agrícola, condições ergonômicas desfavoráveis e à falta de utilização de EPIs adequados.
Uma parcela significativa dos acidentes graves com tratores, são resultados de capotamento, enquanto escorregões resultam em acidentes leves. As principais causas identificadas incluem a falta de conhecimento sobre as medidas de segurança na operação dos tratores, a falta de atenção durante a execução das tarefas e o uso de equipamentos inadequados (SCHLOSSER et al., 2002).
Ao avaliar as causas dos acidentes de trabalho no setor rural, Fehlberg et al. (2001) destacam que uma combinação de fatores socioeconômicos, demográficos e ocupacionais contribui significativamente para a ocorrência dos agravos. A pesquisa realizada na zona rural de Pelotas, identificou que trabalhadores de classe social mais baixa, de cor não-branca e com baixa satisfação no trabalho apresentaram maior prevalência de acidentes. A falta de uso adequado de EPIs e a exposição a ferramentas manuais e agrotóxicos também foram identificados como fatores de risco predominantes.
Os resultados do estudo de Fehlberg et al. (2001) apontam que a prevalência de acidentes foi maior entre trabalhadores insatisfeitos com suas condições de trabalho, evidenciando uma relação linear entre satisfação e incidência de acidentes. Trabalhadores que relataram baixa satisfação tinham um risco significativamente maior de se acidentarem. Além disso, a cor da pele foi um fator significativo, com trabalhadores não-brancos apresentando um risco maior de acidentes, mesmo após ajustes para outras variáveis.
Acidentes causados por quedas, tropeços e escorregões são frequentemente decorrentes de terrenos irregulares e inadequados para a atividade agrícola. Além disso, o contato com animais e plantas venenosas representa uma parcela significativa dos acidentes, refletindo os riscos inerentes ao ambiente de trabalho rural (TEIXEIRA; FREITAS, 2003).
A avaliação dos acidentes de trabalho no setor rural, conforme estudado por Araújo e Okawa (2016), destaca-se pela identificação de múltiplos fatores de risco que contribuem significativamente para a ocorrência de acidentes. Esses fatores incluem riscos físicos, como exposição a ruídos e temperaturas extremas; riscos químicos, devido ao manuseio inadequado de agrotóxicos; riscos biológicos, como o contato com plantas venenosas; e riscos ergonômicos, derivados de posturas inadequadas e esforços físicos intensos.
Além disso, a análise revelou a presença de não conformidades com as normas regulamentadoras, apontando para uma necessidade urgente de melhorias nas práticas de segurança e saúde no trabalho (ARAÚJO; OKAWA, 2016).
Analisando as mortes neste período, segundo Ferreira de Sousa e Santana (2016), a mortalidade está fortemente associada à idade e ao gênero dos trabalhadores, pois aumenta com a idade, especialmente entre trabalhadores acima de 40 anos. Homens apresentam coeficientes de mortalidade significativamente maiores do que mulheres, com causas de morte variando conforme o gênero. Entre os homens, as causas comuns incluem quedas de animais ou veículos de tração animal e acidentes envolvendo veículos agrícolas, enquanto para as mulheres, a principal causa de morte é a intoxicação por agrotóxicos.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise temporal dos acidentes de trabalho no setor rural do Amazonas entre 2018 e 2021 revelou padrões e causas predominantes que destacam a necessidade urgente de intervenções específicas e medidas preventivas. Os municípios de Itacoatiara, Presidente Figueiredo e Boca do Acre foram identificados como os locais com maior incidência de acidentes, refletindo a diversidade de atividades agrícolas e as condições adversas enfrentadas pelos trabalhadores rurais.
Os resultados indicam que a maioria dos acidentes é causada por impacto sofrido pela pessoa, impacto contra objetos e aprisionamento. Esses dados ressaltam a importância do uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e do treinamento apropriado dos trabalhadores.
É imperativo implementar políticas públicas que incentivem a formalização das relações de trabalho, ofereçam subsídios para a aquisição de maquinário seguro, e promovam programas de educação continuada e conscientização sobre a importância do uso de EPIs. A criação de linhas de crédito e seguros para trabalhadores rurais pode fornecer uma rede de proteção financeira em caso de acidentes.
Além disso, a melhoria da infraestrutura de saúde nas áreas rurais e a capacitação de agentes comunitários para fornecer primeiros socorros são medidas essenciais para garantir um atendimento emergencial mais eficaz. A falta de acesso imediato a cuidados médicos adequados pode agravar a gravidade das lesões. Em muitas áreas rurais do Amazonas, a distância até o hospital mais próximo pode ser significativa, resultando em atrasos no atendimento de emergência. Além disso, a capacitação de agentes comunitários de saúde para fornecer primeiros socorros pode ser uma medida eficaz para lidar com emergências antes da chegada ao hospital.
A introdução de serviços de saúde mental para trabalhadores rurais pode mitigar os impactos psicológicos dos acidentes de trabalho, melhorando a qualidade de vida e a segurança no campo. Assim como, a implementação de programas de fiscalização mais rigorosos para assegurar o cumprimento das normas de segurança também é fundamental. A criação de incentivos para que empregadores invistam em tecnologias seguras e em melhorias das condições de trabalho pode reduzir significativamente os riscos de acidentes. Investir em infraestrutura de transporte e comunicação nas áreas rurais facilitará o acesso rápido a serviços de emergência e contribuirá para um ambiente de trabalho mais seguro.
Os achados deste estudo destacam a necessidade de abordagens multidisciplinares e integradas para reduzir a incidência de acidentes no setor rural do Amazonas. A implementação de estratégias de prevenção adaptadas às especificidades locais é crucial para promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, garantindo a sustentabilidade e a prosperidade do setor agrícola na região.
REFERÊNCIAS
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[1] Discente do Curso Superior de Especialização em Engenharia e Segurança do Trabalho do Instituto de Ensino Superior FaSerra Campus Manaus e-mail: elainevdsp12@gmail.com