SAFETY IN POWER PLANTS AND SUBSTATIONS INSTALLED IN MUNICIPALITIES IN THE STATE OF AMAZONAS
Jefferson Emilio Maciel da Silva [1]
Roneuane Grazielle da Gama Araújo[2]
Msc. Jardel Claudino Pereira Santos [3]
Resumo
Apesar da mecanização dos processos industriais do setor de geração de energia elétrica, ainda ocorre a incidência de acidentes e doenças ocupacionais. Este fato é observado a partir de dados obtidos do Anuário Brasileiro de Proteção de 2023 (Edição Anual sobre Saúde e Segurança do Trabalho), onde as empresas de geração de energia elétrica se posicionaram em décima oitava posição em número de acidentes no trabalho no estado do Amazonas, no ano de 2023. Dessa forma, esta pesquisa teve por objetivo analisar o ambiente de trabalho dos setores operacionais e subestações de usinas termelétricas, com o intuito de identificar possíveis fontes de risco, além de analisar o perfil e percepção de riscos dos colaboradores. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória por meio de visitas que proporcionaram a realização de inspeções gerais juntos aos trabalhadores dos setores analisados. Foi observado o conhecimento, sensibilidade e preocupação, por parte dos trabalhadores, acerca dos riscos presentes no ambiente de trabalho. E avaliou-se os vários tipos de riscos, com o intuito de identificar os perigos, analisar os riscos, suas causas e efeitos, além dos riscos habituais associados a esses tipos de atividades, como por exemplo: os riscos choques elétricos e risco de quedas devido trabalho em altura, picada de insetos, entre outros.
Palavras-chave: Usinas Termelétrica, Setor Elétrico, Riscos, Acidentes e Incidentes, Segurança do Trabalho.
1. INTRODUÇÃO
A eletricidade é a forma de energia mais amplamente utilizada na sociedade contemporânea. Sua capacidade de ser facilmente transportada dos locais de geração para os pontos de consumo, combinada com a simplicidade de conversão em outros tipos de energia, como mecânica, luminosa e térmica, desempenha um papel crucial no desenvolvimento industrial. Essa versatilidade e eficiência na utilização da eletricidade impulsionam uma vasta gama de aplicações, desde processos industriais até o uso doméstico, tornando-a indispensável para o progresso e a modernização da infraestrutura global. (GOMEZ-EXPOSITO, 2018).
Com características adequadas à economia moderna e de fácil acesso aos consumidores, a eletricidade desempenha um papel fundamental em nossas vidas. No entanto, sob certas circunstâncias, ela pode comprometer a segurança e a saúde das pessoas. Sendo um fenômeno invisível e imperceptível aos nossos sentidos, a eletricidade é notada apenas por meio de suas manifestações externas, como a iluminação, sistemas de aquecimento e funcionamento de aparelhos elétricos. Essa invisibilidade aumenta o risco de acidentes, tornando crucial a adoção de medidas de segurança rigorosas para prevenir danos e garantir um uso seguro dessa fonte de energia. (SAES; LOUREIRO, 2014, p. 36-43).
Os trabalhos nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica apresentam riscos únicos em comparação aos enfrentados pelos consumidores finais. É essencial ter um conhecimento abrangente das diversas metodologias de análise de riscos para possibilitar uma avaliação crítica e precisa das condições de trabalho. Sem essa avaliação detalhada, torna-se praticamente impossível garantir a aplicação eficaz dos meios de controle e proteção disponíveis para os trabalhadores. A implementação adequada dessas medidas de segurança é fundamental para prevenir acidentes e assegurar um ambiente de trabalho seguro e eficiente. (LEME, 2006).
Destaca-se que os equipamentos de trabalho, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), componentes de sinalização e outros itens mencionados neste trabalho são apenas alguns dos necessários para a execução das atividades. Além disso, os exemplos de passo a passo, procedimentos de trabalho, análises preliminares de risco e seus controles fornecidos são de caráter orientativo e não representam a única maneira de realizar atividades com eletricidade. Cada empresa ou instituição educacional deve validar e adaptar esses procedimentos conforme suas particularidades e necessidades específicas.
Pode-se afirmar que a evolução das tecnologias disponibilizadas para a sociedade não garante automaticamente a implementação de sistemas de controle dos riscos a que os trabalhadores podem estar sujeitos ao interagirem com esses novos equipamentos e processos. A responsabilidade pela segurança recai sobre cada indivíduo que atua no setor, exigindo a observância rigorosa dos procedimentos de prevenção de acidentes. Somente através do cumprimento meticuloso dessas práticas de segurança é possível minimizar os riscos e proteger a saúde e a integridade dos trabalhadores.
O objetivo principal deste material é fornecer um entendimento essencial sobre os riscos associados ao trabalho com instalações e equipamentos elétricos. Além disso, visa incentivar o desenvolvimento de um espírito crítico que permita a avaliação adequada desses riscos. Também apresenta os sistemas de proteção que devem ser utilizados durante a execução das atividades, garantindo a segurança dos trabalhadores.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
- Energia Elétrica: Geração, Transmissão e Distribuição.
2.1.1 Geração de Energia Elétrica
A eletricidade é a forma mais fácil de se transportar energia para a utilização nos processos de manufatura. A geração de energia elétrica é o processo de transformação de qualquer tipo de energia mecânica em energia elétrica, que ocorre em duas etapas. Na primeira etapa, a máquina transforma qualquer tipo de energia em energia cinética de rotação. Já na segunda etapa, usa-se um gerador acoplado à máquina primária que transforma a energia cinética de rotação em energia elétrica (ANEEL, 2019).
2.1.2 Os tipos de Geração de Energia Elétrica
Energia Hidrelétricas: É um conjunto de equipamentos usados para produzir energia elétrica por meio de turbinas de potencial hidráulico de um rio (PAISH, 2012).
Energia Termelétricas: É toda energia produzida por uma central através da geração de calor resultante da queima de combustíveis. Os principais combustíveis utilizados nas usinas termoelétricas são o carvão mineral, o petróleo e o gás natural (PAISH, 2012).
Energia Eólica: Se dá através da captação da energia cinética provocada pelo vento, a qual movimenta pás de grandes turbinas que convertem este movimento em energia elétrica. O funcionamento de uma turbina eólica envolve vários campos de conhecimento, incluindo meteorologia, aerodinâmica, eletricidade, controle, bem como a engenharia civil, mecânica e estrutural.
Energia Fotovoltaica: é obtida pela transformação direta da radiação solar em energia elétrica, com a utilização de materiais semicondutores, quase sempre de silício (WEG, 2013). São dispositivos constituídos de células fotovoltaicas, reunidas em série e em paralelo, para aumentar a tensão e a potência fornecidas, formando os conhecidos “painéis fotovoltaicos”.
2.1.3 Transmissão de Energia Elétrica
O sistema de transmissão de energia elétrica é responsável pela ligação entre as grandes usinas geradoras de energia e as regiões de grande consumo de energia. Assim, a energia que sai das usinas e dos geradores é transportada via cabos aéreos suspensos através de postes, que são revestidos por material isolante. As redes de transmissão são longas e abrangem grandes distâncias de linhas de transmissão no Sistema Interligado Nacional (SIN), extensão equivalente a mais de três voltas em torno da Terra.
Essas linhas operam com tensões elétricas altíssimas com dezenas de milhares de volts. Como exemplo dessa tensão, podemos citar as casas cuja tensão é de 127 ou 220 V (volts).
A eletricidade que é gerada nas usinas tem a tensão elevada e para diminuir as perdas dessa energia durante sua transmissão a longas distâncias, reduz-se o diâmetro dos cabos e, logo, o seu peso e custo. Dessa forma, cabeamento mais leve também significa estruturas mais leves e com menos custos que dão sustentação a essas extensas linhas de transmissão.
O SIN é responsável pelo suprimento de energia elétrica a 96% do território nacional. Os 3,4% restantes constitui-se de sistemas isolados localizados na região norte do país que dispõem de sistemas hidrotérmicos e/ou térmicos locais, conforme mostra a figura 1.
Figura 1: Mapa do Setor Elétrico.
Fonte: ONS, (2019).
2.1.4 Distribuição de Energia Elétrica
O sistema de distribuição de energia é aquele que se confunde com a própria topografia das cidades, ramificado ao longo de ruas e avenidas para conectar fisicamente o sistema de transmissão, ou mesmo unidades geradoras de médio e pequeno porte, aos consumidores finais da energia elétrica.
Antes de alcançar os consumidores, a energia elétrica passa pelo processo de distribuição, exclui-se nesse caso os consumidores industriais de altas de tensões que são conectados diretamente aos sistemas de transmissão (GOMEZ,2018).
Segundo a ANEEL, como regra geral, no Brasil o sistema de distribuição pode ser considerado como um conjunto de instalações e equipamentos elétricos que operam, geralmente, em tensões inferiores a 230 kV.
As redes de distribuição são compostas por linhas de alta, média e baixa tensão. Apesar de algumas transmissoras também possuírem linhas com tensão abaixo de 230 kV, as chamadas Demais Instalações da Transmissão (DIT), grande parte das linhas de transmissão com tensão entre 69 kV e 138 kV são de responsabilidade das empresas distribuidoras.
Além das redes de subtransmissão, as distribuidoras operam linhas de média e baixa tensão, também chamadas de redes primária e secundária, respectivamente. As linhas de média tensão são aquelas com tensão elétrica entre 2,3 kV e 44 kV, sem do mais comum a 13,8 kV e são muito fáceis de serem vistas em ruas e avenidas das grandes cidades, frequentemente compostas por três fios condutores aéreos sustentados por cruzetas de madeira em postes de concreto.
2.2 Sistema Elétrico no Estado do Amazonas
A eletrificação de uma região é essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável. Tendo em vista esse desenvolvimento na região norte, o governo federal, por meio da ELETRONORTE, investiu na ampliação dos parques geradores e dos sistemas de transmissão de energia da Amazônia, construídas nesse período as usinas hidrelétricas de Coaracy Nunes (AP), Tucuruí (PA), Balbina (AM), Samuel (RO) ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
E a partir de 2013 Manaus iniciou o processo de interligação, conforme as obras estruturais, políticas públicas, e também, através do aproveitamento das jazidas de gás natural de Urucu, para a geração de energia elétrica, passando a operar com a sua parcela de energia elétrica disponibilizada pelo SIN. Com a interligação, a cidade passa a ser alimentada por energia elétrica produzidas por termelétricas a gás natural (GN), diesel, óleo combustível e por hidroeletricidade (LIMA, 2014).
Já na região Amazônica, as dificuldades são grandes devido à grande extensão territorial, baixa densidade demográfica, esparcidade do povoamento, densa rede hidrográfica, inúmeras áreas alagadas e floresta compacta.
Como estes obstáculos ocorrem em diferentes escalas, a implantação do PLpT (Programa Luz para Todos), iniciou pelos locais com uma possível extensão das redes de distribuição vindas de sistemas já existentes.
2.2.1 Levantamento Histórico da Matriz Energética de Manaus: Do Motor Elétrico ao Sistema Interligado Nacional
A tabela 1 apresenta a evolução histórica da matriz energética ao longo dos anos, no que se refere à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica do estado Amazonas, desde a iluminação a gás hidrogênio em 1856, passando pelo gás natural (GN) nos anos de 2009, até os dias atuais com Sistema Interligado Nacional (SIN).
Tabela 1 Evolução da matriz energética.
Ano | Energético | Origem | Modal | Potência Instalada | Finalidade |
1856 | Iluminação a gás hidrogênio | Serviços vendidos por empresa não declarada | A própria empresa importava a M.P. e produzia o gás | 25 lampiões | Iluminar os principais pontos da cidade |
1870 | Iluminação a querosene | Serviços vendidos pela Empresa Thury & Irmão | Importação efetuada pela Empresa Prestadora do Serviço | 90 candeeiros e de velas montados em postes de madeira de 5 palmos de altura | Iluminar as ruas mais habitadas e frequentadas da cidade |
1879 | Iluminação a gás Globo (óleo de nafta) | Serviços vendidos por Manoel Joaquim Pereira de Sá | O próprio empresário importava a M. P. e produzia o gás | 122 lampiões | Iluminar as ruas mais habitadas e frequentadas da cidade |
1889 | Termelétrica à lenha para o bombeamento de água potável | Represa da Cachoeira Grande | Tubulações para transporte até as caixas d’água e torneiras públicas | 64 cavalos a vapor e conjunto de bombas elétricas | Abastecimento de água para a cidade de Manaus |
1896 | Termelétrica à lenha | O Governo do Estado assumiu o comando da produção da energia, iluminação e fiscalização do sistema | Linhão de Transmissão aérea em postes de madeira | 327 lâmpadas de arco voltaico de 2.000 velas | Toda a zona urbana da sede Municipal |
1896 | Vapor | Serviço prestado pela empresa | – | 3 Bondes e 16 km de trilhos da cidade | Transporte urbano |
1899 | Termelétrica à lenha | Serviços vendidos pela Manaós Railway Company | Linha de transmissão aérea em postes de ferro | – | Alimentar eletricamente as linhas de bondes elétricos |
1900 | Telégrafo | Manaus – Itacoatiara | Linha de transmissão terrestre | – | Comunicação com a sede do Governo |
1989 | Hidroeletricidade | Balbina no Município de Presidente Figueiredo-AM | Linha de transmissão aérea de 230 kV | 250 MW | Ampliar capacidade de geração instalada |
2009 | Gás Natural (GN) | Urucu do Município de Coari-AM | Gasoduto Urucu-Coari-Manaus | 5,5 milhões de m³/dia inicialmente, mas pode ser aumentado se houver demanda | Substituir o consumo de óleo combustível por gás natural |
2013 | Hidroeletricidade | Tucuruí-PA pelo SIN | Linha de transmissão aérea de 500 kV | Potência destinada oscila por sazonalidade | Interligar o Estado do Amazonas ao SIN |
Fonte: BATTAGLIN, (2011).
2.2.2 Configuração do Sistema elétrico na Amazônia
Na Amazônia, devido as suas características especificas, o sistema elétrico pode ser classificado como:
- Sistema interligado
O Estado do Amazonas deixou título de maior sistema energético isolado do país a pouco tempo, e com a conexão de Manaus com as subestações ao longo do traçado do linhão de Tucuruí-Manaus que está dimensionado para transporte de até 2.500 MW em sua conclusão. Entretanto, mesmo com Manaus estando totalmente interligada ao linhão de Tucuruí, tem a orientação de não abrir mão da hidrelétrica de Balbina, nem das termelétricas da AmG&T (Amazonas Geração e Transmissão), pois ainda há a necessidade desta energia ser conectada ao SIN no período sazonal energético brasileiro (LIMA, 2014).
Atualmente o sistema elétrico de Manaus e regiões metropolitanas é suprido com parte dessa energia gerada pela UHE de Tucuruí e a outra parte, equivalente a (50%) dessa energia provem da recém inaugurada, Usina Termelétrica de Mauá 3, com capacidade de geração nominal de 583 MW, em ciclo combinado (gás e vapor) a partir de gás natural proveniente da plataforma de Urucu, localizado no município de Coari, no Estado do Amazonas e os seus excedentes transferidos para os subsistemas nordeste e sudeste/ Centro-Oeste, objetivando otimizar a operação dos seus reservatórios, conforme mostra a figura 2.
Figura 2: Sistema Interligado do Estado do Amazonas.
Fonte: Google Maps, (2022).
- Sistema Isolado.
No estado do Amazonas existem 89 sistemas isolados, sendo 1 atendido pela Manaus Energia S.A, e 88 de responsabilidade da companhia Energética do Amazonas S.A – CEAM. A figura 3, mostra o mapa do sistema isolado do município de Caapiranga localizado a 133 km da Capital Manaus.
Figura 3: Sistema Isolado Munícipio de Caapiranga no interior do Estado do Amazonas.
Fonte: Google Maps, (2024).
- Subestação de energia elétrica
As subestações de energia elétrica são componentes essenciais no sistema de distribuição de eletricidade, desempenhando um papel crucial na transformação, controle e distribuição da energia desde as usinas geradoras até os consumidores finais. Essas instalações são responsáveis por ajustar os níveis de tensão, proteger o sistema contra falhas e garantir a entrega eficiente e segura da eletricidade. A seguir, discutimos a estrutura, o funcionamento e a importância das subestações de energia elétrica.
2.3.1 Estrutura de uma Subestação
As subestações de energia elétrica são compostas por diversos equipamentos e sistemas que trabalham em conjunto para realizar suas funções. Os principais componentes incluem:
- Transformadores: Responsáveis por alterar os níveis de tensão da energia elétrica. Eles podem aumentar a tensão para transmissão a longas distâncias (subestações elevadoras) ou reduzir a tensão para distribuição local (subestações rebaixadoras).
- Disjuntores: Dispositivos de proteção que interrompem o fluxo de corrente em caso de falhas, prevenindo danos aos equipamentos e garantindo a segurança do sistema.
- Seccionadores: Utilizados para isolar partes do circuito para manutenção ou em situações de emergência.
- Relés de Proteção: Dispositivos que monitoram o sistema e detectam anomalias, acionando os disjuntores quando necessário para proteger os equipamentos e a rede.
- Painéis de Controle: Contêm instrumentos e dispositivos de medição e controle, permitindo a operação e o monitoramento da subestação.
- Barras Coletoras: Estruturas metálicas que conectam os diferentes circuitos dentro da subestação, distribuindo a energia de maneira eficiente.
2.3.2 Funcionamento de uma Subestação
As subestações operam em vários estágios do sistema de energia elétrica, desde a geração até a distribuição final. O funcionamento básico de uma subestação envolve os seguintes processos:
- Recepção de Energia: A energia elétrica gerada nas usinas é transmitida para as subestações elevadoras, onde a tensão é aumentada para minimizar as perdas durante a transmissão a longas distâncias.
- Transformação de Tensão: Em subestações rebaixadoras, a tensão é reduzida para níveis adequados à distribuição e consumo, garantindo que a eletricidade possa ser usada de forma segura em residências, indústrias e comércio.
- Distribuição: A energia transformada é distribuída através das barras coletoras para diferentes circuitos, atendendo às necessidades dos consumidores.
- Proteção e Controle: Disjuntores, relés de proteção e outros dispositivos garantem que o sistema opere de maneira segura e eficiente, isolando falhas e evitando danos aos equipamentos.
As subestações de energia elétrica são fundamentais para a operação de um sistema de energia eficiente e confiável, sendo componentes vitais no sistema de distribuição de eletricidade, desempenhando um papel crucial na transformação, controle e entrega eficiente da energia. Com uma estrutura complexa e uma operação crítica, elas garantem a confiabilidade, eficiência e segurança do fornecimento de energia, adaptando-se às necessidades dos consumidores e às condições da rede.
- Manutenção
A Norma NBR 5462-1994 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) (Branco, 1994) define manutenção como uma combinação de técnicas e procedimentos, incluindo atividades de supervisão, com o objetivo de manter ou restaurar um item ao estado em que ele possa desempenhar sua função requerida. Esta abordagem sistemática visa assegurar a confiabilidade e a eficiência dos equipamentos e sistemas, garantindo que eles operem de acordo com os padrões estabelecidos e atendam às necessidades operacionais.
O termo “manutenção” tem suas origens no vocabulário militar, onde significava “manter” as unidades de combate em constante estado de prontidão. Tornou-se mais amplamente conhecido por volta de 1950 nos Estados Unidos da América. Devido à intensa competição econômica internacional e à busca por maior produtividade, a manutenção deixou de ser vista apenas como um centro de custos e passou a ser reconhecida como um gerador de lucros nos países do chamado Primeiro Mundo, essa mudança de perspectiva destacou a importância da manutenção para a eficiência operacional e a competitividade das empresas.
- Gerenciamento de Riscos
De acordo com a norma ISO 31000 (2009), existe uma incerteza inerente ao prever o futuro das organizações, independentemente de seu tipo ou tamanho, devido à influência de fatores internos e externos. Esses fatores dificultam o alcance dos objetivos traçados. Os riscos estão presentes na maioria das atividades humanas, motivando a realização de estudos para avaliar e compreender a natureza de suas causas.
De maneira geral, a noção de risco permite a integração de esforços em uma perspectiva prevencionista e protecionista, visando a eliminação dos efeitos nocivos resultantes de causas naturais ou atividades humanas (TCHIERE; GAUTHIER, 2016).
A gestão do risco pode ser definida como a realização de atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito a risco. Quando implementada e mantida possibilita a uma organização, por exemplo (ISO, 2009):
a) atentar-se em identificar e tratar os riscos em toda a corporação;
b) aprimorar a identificação de ameaças e melhorias;
c) atender a requisitos legais;
d) estabelecer uma base confiável para a tomada de decisão e o planejamento;
e) alocar recursos com maior precisão em função da análise de risco;
f) melhorar os processos operacionais;
g) minimizar perdas;
h) aumentar a resiliência na corporação.
Além disso, a gestão do risco orienta os tomadores de decisão a realizarem escolhas conscientes, priorizarem ações e distinguirem entre formas alternativas de ação.
Segundo Cardella (2010), o sistema de gestão de riscos é um conjunto de ferramentas que a organização utiliza para planejar, operar e controlar suas atividades, com o objetivo de manter os riscos dentro de limites toleráveis. Este sistema é composto por diversas funções, conforme descrito a seguir na figura 4.
Figura 4: Processo da Gestão de Riscos
Fonte: Adaptado de Cardella (2010)
Na gestão de riscos, é frequentemente difícil identificar e quantificar os custos associados a acidentes e lesões dos colaboradores. Esses custos incluem a necessidade de treinar e integrar novos funcionários, a reparação de equipamentos danificados, o tempo administrativo gasto na gestão de incidentes, o aumento nos prêmios de seguro e a redução da produtividade devido a um ambiente de trabalho inseguro e à diminuição da moral dos trabalhadores. Reconhecer e gerir esses custos ocultos é essencial para a criação de um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente. (SHANNAHAN, 2013).
- Riscos em Instalações e Serviços em Eletricidade
O trabalho com instalações e serviços elétricos envolve uma série de riscos que podem comprometer a segurança e a saúde dos trabalhadores. Devido à natureza invisível da eletricidade, muitas vezes esses riscos não são imediatamente aparentes, tornando essencial a adoção de práticas rigorosas de segurança e a implementação de sistemas de proteção eficazes.
2.6.1 Tipos de Riscos
Os riscos associados ao trabalho com eletricidade podem ser classificados em várias categorias:
- Choque Elétrico: Este é o risco mais comum e ocorre quando o corpo humano entra em contato com uma corrente elétrica. Os efeitos de um choque elétrico podem variar de uma leve sensação de formigamento a lesões graves ou até morte, dependendo da intensidade da corrente e do tempo de exposição.
- Curto-Circuito: Um curto-circuito ocorre quando uma corrente elétrica segue um caminho não intencional com baixa resistência. Isso pode resultar em superaquecimento, incêndio e danos aos equipamentos elétricos.
- Sobrecarga: A sobrecarga elétrica acontece quando a demanda de corrente em um circuito excede sua capacidade. Isso pode provocar o aquecimento dos componentes do circuito, levando a falhas no sistema e possíveis incêndios.
- Explosões e Incêndios: A eletricidade pode ser uma fonte de ignição para materiais inflamáveis e explosivos, especialmente em ambientes industriais onde estão presentes gases, vapores e poeiras combustíveis.
- Queimaduras: causadas pela eletricidade geralmente são menos dolorosas inicialmente, pois a passagem da corrente elétrica pode destruir as terminações nervosas na área afetada. No entanto, isso não significa que sejam menos perigosas. Essas queimaduras podem evoluir e se aprofundar ao longo do tempo, mesmo após o término do contato elétrico ou da descarga, exigindo atenção médica imediata e tratamento adequado para evitar complicações graves.
- Produtos Químicos: Os materiais normalmente utilizados como isolantes elétricos degradam-se na presença de substâncias como ácidos, lubrificantes e sais.
- Risco de Queda: As quedas representam um dos principais riscos de acidentes no setor elétrico e podem ocorrer por diversos motivos. Entre as causas mais comuns estão os choques elétricos, a utilização inadequada de equipamentos de elevação (como escadas, cestas e plataformas), o uso inadequado ou ausência de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), a falta de treinamento adequado dos trabalhadores, a ausência de delimitação e sinalização adequada do canteiro de serviço, além do ataque de insetos. Esses fatores, isoladamente ou em conjunto, aumentam significativamente o potencial de acidentes, tornando essencial a implementação de medidas de segurança rigorosas para mitigar esses riscos. (DENIPOTTI et al., 2005).
- Riscos de Ataque de Insetos: Na execução de serviços em torres, postes, subestações, leitura de medidores, serviços de poda de árvores e outros pode ocorrer ataques de insetos, tais como abelhas e formigas (DENIPOTTI et al, 2005).
- Riscos de Ataque de Animais Peçonhentos/domésticos: São riscos que estão presentes nas atividades externas de construção, supervisão e manutenção em redes elétricas. O trabalhador deve atentar à possibilidade de picadas de animais peçonhentos como por exemplo, cobras venenosas, aranhas, escorpiões e mordidas de cães (DENIPOTTI et al., 2005).
- Riscos Ergonômicos: Os fatores de risco ergonômico, são maioritariamente decorrentes de esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, jornada de trabalho prolongada, outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico (DELBONI, 2012).
Os riscos em instalações e serviços em eletricidade são numerosos e variados, exigindo uma abordagem sistemática para sua gestão. A implementação de medidas preventivas, a formação contínua dos trabalhadores e a adesão rigorosa aos procedimentos de segurança são essenciais para minimizar esses riscos e garantir um ambiente de trabalho seguro.
- Segurança em Subestações de Energia Elétrica
A segurança em subestações de energia elétrica é fundamental não apenas para a operação eficiente e contínua do sistema elétrico, mas também para a proteção de vidas humanas e do meio ambiente.
Estas instalações desempenham um papel crucial na distribuição e transmissão de energia elétrica, transformando tensões para níveis mais adequados para uso doméstico e industrial. No entanto, devido à alta voltagem e à presença de equipamentos complexos, as subestações representam um ambiente de trabalho potencialmente perigoso.
Primeiramente, a segurança em subestações envolve a implementação rigorosa de procedimentos operacionais padronizados. Técnicos e engenheiros que trabalham nestas instalações devem seguir protocolos específicos para operar equipamentos, realizar manutenção preventiva e responder a emergências de forma segura e eficaz. Isso inclui o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas isolantes, capacetes, óculos de proteção e vestuário adequado para proteção contra choques elétricos e outros riscos associados(TCHIERE; GAUTHIER, 2016).
Além disso, a segurança física das subestações é crítica. O acesso deve ser estritamente controlado para impedir a entrada de pessoas não autorizadas. Cercas, portões com bloqueio e sistemas de vigilância ajudam a proteger as instalações contra vandalismo, roubo e interferência não autorizada. Medidas adicionais, como sinalização clara de áreas de perigo e treinamento regular em segurança, são essenciais para manter um ambiente de trabalho seguro.
A manutenção preventiva desempenha um papel crucial na segurança das subestações (QUEIROZ, 2010). Inspeções regulares e testes de equipamentos garantem que tudo esteja funcionando corretamente e identificam potenciais problemas antes que eles se tornem uma ameaça à segurança. A detecção precoce de falhas elétricas e mecânicas pode prevenir interrupções no fornecimento de energia e, mais importante, evitar acidentes graves que poderiam resultar em lesões graves ou até mesmo perdas de vidas.
A segurança em subestações de energia elétrica não é apenas uma obrigação regulatória, mas uma responsabilidade moral e prática. Proteger os trabalhadores, o público e o ambiente são essenciais para garantir a continuidade do fornecimento de energia elétrica de forma segura e confiável. Investimentos contínuos em treinamento, tecnologia e conformidade regulatória são fundamentais para enfrentar os desafios futuros e manter um setor elétrico resiliente e seguro.
- Normas Técnicas Brasileiras NBR da ABNT
No trabalho com eletricidade, é essencial adotar medidas cautelosas para garantir a proteção dos profissionais envolvidos. A prevenção de acidentes deve ser alcançada por meio do conhecimento aprofundado dos riscos presentes em instalações e equipamentos elétricos, assim como do uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva (EPCs). Essas práticas contribuem para a criação de um ambiente organizacional mais seguro, planejado e produtivo, preparado para a execução eficiente das atividades. (PAVANI, 2015).
No entanto, se faz necessário normas técnicas que determine as prescrições específicas, como exemplo (CUNHA, 2016):
- NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão: Estabelece os requisitos necessários para garantir a segurança de pessoas e animais em instalações elétricas de baixa tensão. Esta norma é aplicável principalmente às instalações elétricas em edificações residenciais, comerciais, públicas, industriais, de serviços, agropecuárias e hortigranjeiras, entre outras. Seu objetivo é assegurar que essas instalações sejam projetadas e executadas de acordo com padrões que minimizem os riscos de acidentes elétricos.
- NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão (de 1,0 kV a 36,2 kV) é aplicável a instalações a partir do ponto de entrega definido pela legislação vigente da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Esta norma cobre as diretrizes para a geração, distribuição e utilização de energia elétrica em sistemas de média tensão, conforme estabelecido nas normas específicas para cada uma dessas áreas.
Portanto, em termos de abrangência, a norma se aplica a praticamente todas as atividades relacionadas a instalações elétricas, abrangendo as etapas de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. No entanto, a aplicação da norma é excluída em casos de tensões muito baixas, ou seja, tensões inferiores a 50 Volts em corrente alternada ou 120 Volts em corrente contínua. (BRASIL, 2016).
3. METODOLOGIA
Para este trabalho, será adotado o método de investigação por estudo de caso. De acordo com Prodanov (2013, p.51), esse tipo de pesquisa busca explorar características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente.
Esta abordagem é caracterizada por ser uma metodologia de pesquisa não estruturada e exploratória, sendo realizada por meio de visita in loco. Assim, foram escolhidas duas das várias usinas termoelétricas situadas no interior do estado do Amazonas, sendo a do Município de Caapiranga e Anamã, onde foram realizadas visitas a fim de “levantar” informações que atendesse a realização desse trabalho, levando-se em consideração as atividades cotidianas realizadas pelos mantenedores, operadores e demais colaboradores que laboram na usina. Assim, pode-se identificar dentro de cada atividade os recursos utilizados e a que riscos os mesmos estão expostos nos cenários deflagrados.
- Característica da Unidade Geradora
Na planta das usinas (figura 5), localizadas nos municípios de Caapiranga e Anamã, estão instalados, em cada usina, cinco (05) motores de fabricação Guascor, modelo SFGLD360, ciclo OTTO, com 12 cilindros em “V”, de combustão interna, com rotação nominal de 1.200 rpm.
Figura 5: Area externa da fachada das usinas de Caapiranga e Anamã.
Fonte: Autor (2024)
A usina dispunha de 04 grupos geradores disponíveis em sua capacidade nominal, estando o quinto indisponível; tendo sido retirado deste o modulo EGS (comando e proteção do motor) para ser usado emergencialmente na usina de Anamã, exibidos na figura 6.
Figura 6: Salão de máquinas da Usina de Caapiranga.
Fonte: Autor (2024)
A alimentação dessa unidade geradora é feita por gás natural, via city gate da empresa Petrobras, como combustível em substituição ao diesel, para as usinas termelétricas, localizado ao lado da planta dessa usina, propiciando o uso desse combustível nas pressões, volumes e temperaturas ideias para o funcionamento desses motores, com a escala de maquinário necessária para as atividades da usina.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Através da apresentação da empresa em questão, foram realizados os mapeamentos de riscos e estabelecidos os planos de ação referentes aos componentes da Subestação e da Usina de energia. Notou-se que em seu quadro de pessoal a usina possui 06 operadores para operação contínua, sendo 05 no turno e um sexto que permitirá um substituto em casos de férias, licenças médicas e treinamentos. A operação monitora e inspeciona em tempo real os grupos geradores local e remotamente (sala de controle), é também responsável pela supervisão de dois alimentadores da subestação anexa a usina.
As usinas de Caapiranga e Anamã tem estruturas idênticas e possuem uma variedade de equipamentos, como disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores, sistema de medição, sistemas de proteção, motores e painéis de controle.
Na Figura 7, observa-se a execução de serviços elétricos e mecânicos realizados pelos mantenedores em um dos motores, seguindo os procedimentos e normas para a realização desses serviços, tanto relacionado aos processos técnicos como principalmente os de segurança.
Figura 7: Mantenedores atuando na Manutenção dos equipamentos.
Fonte: Autor (2024)
As inspeções regulares nas áreas de trabalho, nos serviços a serem executados, no ferramental e nos equipamentos utilizados, consistem em um dos mecanismos mais importantes de acompanhamento dos padrões desejados, cujo objetivo é a vigilância e controle das condições de segurança do meio ambiente laboral, evitando assim que situações previsíveis possam levar a ocorrência de acidentes. Para a execução de qualquer atividade/tarefa todos os integrantes da equipe deverão ser capacitados ou habilitados e autorizados conforme figura 8. Para a realização das atividades de manutenção designasse nesta usina engenheiros, técnicos, eletricistas e operadores, que recebem autorização prévia para a execução das atividades.
Figura 8: Mantenedores atuando na Manutenção dos equipamentos.
Fonte: Autor (2024)
Nas atividades de manutenção os EPI’s são equipamentos necessários para a realização das atividades, sendo o uso de: Capacete de segurança, uniforme antichama, luva isolante de borracha, Protetor auditivo tipo concha, luva de proteção, Protetor auditivo tipo inserção (plug) e botina de segurança (figura 9).
Figura 9: Mantenedores atuando na Manutenção dos equipamentos.
Fonte: Autor (2024)
A sinalização de segurança consiste num procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir as pessoas quanto aos riscos ou condições de perigo existentes, proibições de ingresso ou acesso e cuidados e identificação dos circuitos ou parte dele.
É de fundamental importância a existência de procedimentos de sinalização padronizados, documentados e que sejam conhecidos por todos os trabalhadores (próprios e prestadores de serviços). Os materiais de sinalização constituem-se de cone, bandeirola, fita, grade, sinalizador, placa, etc. Na figura 10 tem-se a sinalização de segurança utilizada para restrições e impedimentos de acesso na subestação.
Figura 10: Sinalização de Segurança da Subestação.
Fonte: Autor (2024)
Pelo novo texto da Norma Regulamentadora NR 10, as empresas estão obrigadas a manter prontuário com documentos necessários para a prevenção dos riscos, durante a construção, operação e manutenção do sistema elétrico, tais como: esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos, especificações do sistema de aterramento dos equipamentos e dispositivos de proteção, entre outros. Na figura 11 tem-se a sinalização de identificação dos equipamentos ou circuitos utilizados a usina.
Figura 11: Sinalização de identificação dos equipamentos.
Fonte: Autor (2024)
O “Check de Rota” em manutenção preventiva é um processo sistemático de inspeção e verificação dos equipamentos e sistemas durante sua operação normal. Essa prática envolve a realização de verificações periódicas e programadas ao longo de uma rota específica, garantindo que todos os componentes estejam funcionando corretamente e detectando precocemente quaisquer sinais de desgaste ou problemas potenciais. Para o início das inspeções, os técnicos recebem o documento intitulado Check de Rota – Manutenção Preventiva, para registro da realização das atividades prevista (figura 12).
Figura 12: Check de Rota – Manutenção Preventiva.
Fonte: Autor (2024)
Vale ressaltar que, diferente de outras usinas termelétricas instaladas nos interiores no Amazonas, essa usina em questão, fica distante do centro urbano do município. Dessa forma, grande parte das atividades em uma usina têm o risco de acidentes, seja: elétrico, mecânico, em altura, queimaduras, entre outros.
Entretanto, essas usinas especificamente estão instaladas no município, assim a proximidade com a área florestal representa um dos pontos críticos, pois há vários tipos de risco, como por exemplo:
- picadas de insetos;
- picadas de animais peçonhentos;
- ataques de animais carnívoros, e etc.
Sob outra perspectiva, temos a proximidade dessas usinas com o leito dos rios, tendo em vista que os recebimentos de equipamentos, ferramentas, óleo lubrificante, entre outros, além dos próprios colaboradores (funcionários) usam para acessar a usina em situações onde os rios estão cheios, conforme mostrado na Figura 13.
Figura 13: Acesso a usina via meio fluvial.
Fonte: Autor (2024)
5. CONCLUSÃO
A partir do levantamento de dados sobre a percepção de riscos no trabalho, verificou-se que os colaboradores possuem um entendimento e conhecimento claros sobre sua exposição e as possíveis consequências desses riscos. Diante dessa realidade, é essencial que os gestores da empresa considerem os trabalhadores como uma fonte valiosa de informações. Ao fazer isso, podem tomar medidas de controle e prevenção mais eficazes, garantindo a qualidade do serviço e assegurando a segurança dos colaboradores em todos os aspectos. Essa abordagem não apenas fortalece a cultura de segurança, mas também promove um ambiente de trabalho mais colaborativo e proativo na gestão de riscos.
Dessa forma, as principais atividades de manutenção em instalações elétricas analisadas incluem: procedimentos de energização e desenergização, limpeza e manutenção de transformadores, reaperto de cabos e barramentos, ensaios e testes, bem como procedimentos de partida de motores com energização. Através das Análises Preliminares de Riscos (APR’s) desenvolvidas para cada fase do processo, foram identificados os principais riscos, tais como acidentes elétricos, posturas inadequadas, exposição a ruído, trabalho em altura, picadas de insetos ou animais peçonhentos e ferimentos. Essas análises são fundamentais para implementar medidas de segurança adequadas, minimizando os riscos e garantindo a integridade física dos trabalhadores.
Como sugestão para medidas estratégicas a médio prazo, foi orientado o constante treinamento dos colaboradores para conscientização de prevenção de acidentes, e principalmente a utilização dos equipamentos individuais de segurança, entre outros.
As organizações gerenciam o risco, identificando-o, analisando-o e, em seguida, avaliando se o risco deve ser modificado pelo seu tratamento a fim de atender a seus critérios sobre risco. Ao longo de todo este processo, elas comunicam e consultam as partes interessadas, monitoram e analisam criticamente o risco e os controles que o modificam, a fim de assegurar que nenhum tratamento de risco adicional seja requerido”. As atividades inerentes ao processo de gestão de riscos, como: identificação, análise, tratamento e monitoramento dos riscos, as quais a Companhia se encontra exposta, sempre foram realizadas nas empresas do grupo Eletrobras, porém em formatos distintos.
REFERÊNCIAS
AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas da energia elétrica do Brasil. 3º edição. Brasília: ANEEL, 2008. Disponível em: http://www.annel.gov.br/arquivos/pdf/livros_atlas.pdf. Acesso em: 28 de junho de 2024.
ANEEL. Capacidade de Geração do Brasil. ANEEL, 2019. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm. Acesso em: 19 maio de 2024.
BATTAGLIN, P.D.; BARRETO, G. Revisitando a história da engenharia elétrica. Revista de Ensino de Engenharia, v. 30, n 2 p. 49-58, 2011.
BRASIL. Portaria MTB nº 3.214, 08 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras- NR – Relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, 6 de jul. 1978. Disponível em: <http://sislex.previdencia.gov.br/páginas/63/MTE/1978/3214.htm>. Acesso: 12 maio de 2024.
CARDELLA, Benedito. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes: Uma abordagem holística. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
CUNHA, João Gilberto. Eletricidade Moderna. Desenergização das instalações elétricas de baixa e alta tensão. v. 44, n. 506, p. 30-35, maio 2016. Disponível: < http://www.arandanet.com.br/midiaonline/eletricidade%5Fmoderna/2016/maio/index.php>. Acesso em: 17 maio de 2024.
DENIPOTTI, Cláudio Sergio. Curso básico de segurança em instalações e serviços com eletricidade. Fundação Comitê de Gestão Empresarial,São Paulo, 2005. Disponível:<http://resgatebrasiliavirtual.com.br/moodle/file.php/1/Ebook/Ebooks_para_down load/Seguranca_em_Eletricidade/Manual_NR-10.pdf>. Acesso em: 03 de junho de 2024.
DELBONI, Elisabeti Poiani. Riscos no ambiente de trabalho no setor da construção civil. Seminário riscos e responsabilidades ambientais na construção, São Paulo, 05 dez. 2012. Disponível: <http://www.cbcs.org.br/userfiles/download/3_Elisabete-Delboni_061212.pdf>. Acesso em: 04 de junho de 2024.
GÓMEZ, M. F.; SILVEIRA, S. Rural electrification of the Brazilian Amazon –Achievements and lessons. Energy Policy, v. 38, p. 6251-6260, 2018.
ISO. ISO 31000 2009 – Risk management – International Organization for Standardization. 2009.
LEME, A. A. O impacto da privatização da Cesp sobre o processo de implantação de uma nova obra da concessionária: uma abordagem sociológica acerca do caso de Santa Maria da Serra/SP. São Carlos. Monografia (Graduação em Ciências Sociais). Universidade Federal de São Carlos, 2006.
LIMA, F.C.; BORGES, J.T. Gestão energética no Amazonas: a alternativa solar, 2014.
ONS – OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO – Mapa do Sistema Interligado Nacional. Sistema de Transmissão Horizontal 2012. Disponível em:www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin. Acessado em 20 de junho de 2024.
PAISH, Oliver. Pequenas centrais hidrelétricas: Tecnologia e Status Atuais. Revisões de energia renovável e sustentável, v. 6, n. 6, p. 537-556, 2002.
PAVANI, Gilberto João. Segurança do trabalho no âmbito do ensino, pesquisa e extensão. Experiência. Santa Maria, UFSM, v.1, n. 1, p. 20-36, jan./jul. 2015.
PRODANOV, CLEBER CRISTIANO. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico / Cleber Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. – 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
SAES, Alexandre Macchione; LOUREIRO, Felipe Pereira. O que as políticas energéticas passadas dos países em desenvolvimento podem nos dizer sobre questões energéticas hoje em dia? Lições da expropriação dos estrangeiros e do poder americano no Brasil (1959-1965). Política de Utilitários, v. 29, p. 36-43, 2014.
SHANNAHAN, Mike. Risk Management in the Workplace: What you should know. OCCUPATIONAL HEALTH & SAFETY, Dallas, 12 nov. 2013. Disponível em: <https://ohsonline.com/blogs/the-ohs-wire/2013/11/risk-management-in-theworkplace.aspx>. Acesso em: 20 maio de 2024.
TCHIERE, Derrick Nanda; GAUTHIER, François. Classification of risk acceptability and risk tolerability factors in occupational health and safety. Safety Science. Québec, v. 92, p. 138-47, out. 2016.
WEG Equipamentos Elétricos S.A., “Manual da Gestão da Qualidade da WEG Automação”, Jaraguá do Sul, 2013.
[1] Discente do Curso Superior de Especialização em Segurança do Trabalho do Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos e-mail: jeffemilio@gmail.com
2 Discente do Curso Superior de Pós-graduação em Engenharia e Administração de Banco de dados da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. e-mail:roneuanegrazielle@gmail.com
3 Docente do Curso Superior de Especialização em Segurança do Trabalho do Instituto de Ensino Superior Blauro Cardoso de Mattos – FaSerra. e-mail: sesesbrasil@gmail.com