Júlio Augusto Barbosa dos Santos Júnior¹
Jardel Claudino Pereira Santos2
Resumo
Os fatores de risco presentes em atividades em altura podem desencadear acidentes de trabalho e consequências graves para a saúde dos trabalhadores, visto que a construção civil é considerada como um dos principais geradores de acidentes no ambiente laboral, circunstâncias estas oriundas de condições irregulares para a execução dos serviços para quais foram designados, constatando a indispensabilidade gradativa da implementação das medidas preventivas de segurança do trabalho em altura em âmbito construtivo. À vista disso, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão sistemática abordando as medidas preventivas indispensáveis para a saúde e integridade física dos trabalhadores nas atividades em altura para o setor da construção civil. Com embasamento nos artigos selecionados conforme os critérios de busca e seleção foram identificadas e avaliadas as seguintes abordagens: métodos de proteção, tanto individuais quanto coletivos, fundamentais para realizar a função dos trabalhos em altura na construção civil, evidenciando a obrigatoriedade da disposição dos equipamentos, além do monitoramento em referência ao uso adequado dos componentes do sistema de segurança.As respectivas situações que abrangem a ausência do uso de EPI e EPC colocam a vida do colaborador em cenários de risco ao exercício da função em altura, podendo resultar em desfechos críticos que comprometem a integridade física e psicológica dos trabalhadores.
Palavras-chave: Construção Civil. Acidentes. Altura. Saúde.
1. Introdução
Compreende-se que a indústria da construção civil exerce um papel significativo ao desenvolvimento econômico de um país, uma vez que gera um grande índice de empregos, sejam estes diretos ou indiretos. Por outro lado, é considerada uma das maiores fontes de acidentes de trabalho, a medida em que, geralmente, o canteiro de obras apresenta ausência de gerenciamento adequado das atividades construtivas, e principalmente, deficiência de orientação de uso e capacitação no que se refere aos equipamentos de proteção individual.
As condições do ambiente nas quais o trabalhador está inserido, influenciam no desempenho da função ao exercício adequado, podendo gerar situações indesejáveis oriundas dos riscos existentes nos locais de trabalho, na qual expões os operários aos perigos decorrentes da função. Em referência aos trabalhos em altura, evidencia-se que são diversos os riscos que comprometem a segurança, bem como, a integridade física e/ou psicológica dos trabalhadores, na qual acarretam em consequências graves desde lesões ou até mesmo óbitos.
Dentre os diversos serviços na construção, em destaque aos trabalhos em altura, designa-se aos pilares de maior probabilidade em queda, sendo indispensável o uso dos equipamentos de proteção individual associados aos equipamentos de proteção coletiva, além do monitoramento para a utilização adequada. As medidas de proteção em caráter preventivo visam minimizar e/ou neutralizar as ocorrências de acidentes envolvendo o trabalho e doenças ocupacionais, mediante à implementação de normas regulamentadoras, priorizando a saúde do trabalhador ao exercício da função.
Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão sistemática abordando as medidas preventivas indispensáveis para a saúde e integridade física dos trabalhadores nas atividades em altura para o setor da construção civil.
Face ao exposto, o tema abordado reflete na necessidade de investimentos na prática de segurança do trabalho dentro das organizações, em circunstância nas quais as empresas invistam em segurança e medidas de proteção, e a capacitação dos funcionários, desenvolvendo e aplicando programas de segurança e saúde no próprio ambiente de trabalho, disponibilizando os recursos necessários para a execução das atividades sem comprometer a integridade física dos colaboradores, além da conscientização quanto ao uso de tais equipamentos.
Sendo assim, este trabalho se desenvolverá nos seguintes itens a seguir: a) levantar os fatores de risco nas atividades de envolvem altura; b) identificar as causas de acidentes de trabalho em altura; e por fim, c) analisar as medidas preventivas de segurança para os trabalhadores da construção civil.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Trabalho em Altura na Construção Civil
Ao abordar os trabalhos em altura compreende-se uma ampla demanda de serviços a serem realizados pelos colaboradores, a medida que os riscos de queda apresentam-se em ampla dimensão e em vários ramos de atividades, podendo gerar consequências graves ou até mesmo fatais no que se refere à segurança e saúde dos trabalhadores. Neste tópico, serão apresentados os principais conceitos e atribuições do trabalho em altura na construção civil.
Segundo Borges (2011) os trabalhos em altura abrangem diferenças de nível, isto é, caracterizam-se aos riscos em altura pertinentes às atividades conforme as funções a serem executadas. Neste sentido, tais atividades laborais necessitam de precauções indispensáveis para a execução adequada em caráter prioritário à integridade física e psicológica dos trabalhadores.
Na visão de Sena (2019) pra que as atividades em altura sejam executadas com segurança, estima-se a necessidade de disponibilizar os treinamentos pertinentes à função com diferença de nível, de modo a fornecer o conhecimento fundamental quanto ao uso dos equipamentos de proteção, em razão de assegurar a eficiência dos dispositivos para quais forem designados. Considera-se de grande relevância que os trabalhadores priorizem o uso correto dos equipamentos de proteção como forma de conscientizar a importância da utilização dos mesmos durante todo o exercício da função.
Considerando os fatores de risco em altura, estas atividades passaram a possuir requisitos básicos em função da prevenção de acidentes, desde o planejamento, a organização e a execução dos serviços através de mecanismos que realizem a análise de risco, estabelecendo assim, procedimentos seguros e o uso de sistemas adequados para proteção do trabalhador (GOMES, 2011). Face ao exposto, as quedas associam-se ao ambiente na qual o colaborador está inserido, podendo agravar os minimizar as condições inseguras que colocam em risco a vida do trabalhador.
Silva e Santos (2018) defendem que as atividades em altura exigem a implementação de aspectos gerais atribuídos à prevenção, como forma de identificar as causas e criar estratégias corretivas, ou ainda corrigir as medidas já existentes. Realizações de planejamento, organização, métodos adequados e aperfeiçoamento profissional viabilizam minimizar significativamente a incidência de acidentes que envolvam diferenças de nível, e consequentemente, os afastamentos e lesões graves para os trabalhadores.
Embora as atividades em altura envolvam riscos de queda para o trabalhador, é possível minimizá-los a partir dos cuidados indispensáveis para executar as respectivas funções, assim como o levantamento dos riscos presentes no ambiente e colocá-los em prática mediante ao uso de EPI’s e EPC’s. (GIZONI; DE MARCO, 2018). Entretanto, a utilização dos equipamentos de proteção tanto individual quanto coletivo requer o uso correto, a medida que ao fazer utilização inadequada pode comprometer a eficiência do mesmo e colocar em risco a a segurança e saúde do trabalhador.
Segundo Gomes (2011), as quedas com diferença de nível atribuem-se às diversas causas como o contato acidental com redes de energia elétrica, perda de equilíbrio em beirada de lajes sem a devida proteção; obstrução de áreas de circulação; deficiência operacional dos dispositivos de proteção ou até mesmo a utilização incorreta dos equipamentos de proteção, comprometendo a eficiência dos mesmos. O desconhecimento dos fatores de riscos tornam o local de trabalho propício à quedas acidentais, e consequentemente, resultando em atos inseguros para o exercício da função.
Evidencia-se que dispor de condições adequadas para os trabalhadores, seja por meio do ambiente laboral ou o uso de dispositivos, é o propósito primário de segurança da organização, uma vez que é possível minimizar ou até mesmo neutralizar os perigos inseridos nas atividades em altura, buscando implementar as medidas que reduzam as consequências de queda, que podem resultar em variáveis onerosas e significativas para a empresa.
2.2 Segurança do Trabalho Na Construção Civil
Saurin (2011) define a segurança no trabalho a partir de um conjunto de medidas em caráter técnico, constituídas por parâmetros medicinais e psicológicos, elementos estes vinculados às causas e consequências de um ambiente adequado e saudável, em razão de eliminar as eventualidades decorrentes do exercício profissional que possam vir a comprometer a integridade física e psicológica do trabalhador. Desta forma, apresenta como finalidade, orientar os trabalhadores na execução adequada do serviço, e assim, eliminar as condições de insegurança presentes no local de trabalho.
Para Saliba (2011) a segurança do trabalho retrata a ciência que visa prevenir os acidentes resultantes dos riscos existentes nos locais de trabalho, na qual expõe os operários aos perigos decorrentes da função. À vista disso, evidencia-se que são diversos os riscos que podem comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores, a medida que as atividades de construção caracterizam-se à deficiência de orientação de uso adequado quanto aos equipamentos de proteção individual.
Na visão de Souza (2012) os fatores de segurança são atribuídos pelas condições trabalhistas, isto é, o ambiente em que o trabalhador está inserido, cabível as empresas oferecer tais circunstâncias de proteção e bem estar para os respectivos profissionais da área. Considera-se indispensável atender as exigências impostas pelas normas de segurança do trabalho, além de identificar todos e quaisquer riscos existentes no ambiente, dado que, é necessário elaborar estratégias que visam reduzir ou até mesmo neutralizar os perigos mediante à implantação de medidas de proteção.
Cardoso e Santana (2019) citam que para a execução das respectivas medidas de proteção, é de fundamental relevância que os profissionais designados à segurança do trabalho como SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes estejam em sintonia com todos os trabalhadores envolvidos, uma vez torna-se favorável para a prevenção de acidentes e consequência graves, além de evitar variáveis onerosas para a organização. Considera-se o sucesso das ações em conjunto como um fator dependente da inserção adequada da política de segurança do trabalho, de modo a evidenciar que todos os elementos envolvidos têm suas devidas responsabilidades no ambiente de trabalho.
Em complemento, Borges, Vilaça e Laurindo (2021) expõem que somente considera-se o trabalhador apto para o trabalho em altura, cujo estado de saúde foi avaliado mediante aos exames solicitados pelo médico designado ao Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, tendo as avaliações efetuadas periodicamente, considerando os riscos envolvidos em cada situação. É de responsabilidade do empregador, obter p atestado de saúde ocupacional do trabalhador, além de manter o cadastro atualizado, possibilitando assim, conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador para as atividades em altura.
Catai (2014) complementa que o ambiente físico desempenha o papel de ampla influência no que se refere aos acidentes, uma vez que é considerada uma fonte de ameaça à saúde do trabalhador, ocasionando em doenças ocupacionais, desde um ruído indesejado até um ofuscamento visual, favorecendo a incidência de acidentes. Em razão às especificidades de cada serviço nas atividades construtivas, tais medidas tornam-se imprescindíveis ao identificar de forma precoce os possíveis riscos, possibilita-se reduzir, consideravelmente, os acidentes de trabalho.
A segurança do trabalho caracteriza mediante às condições atribuídas no ambiente laboral, visto que as empresas têm obrigação legal de oferecer tais aspectos aos trabalhadores, visando a prevenção de acidentes físicos, assim como o desenvolvimento de doenças ocupacionais (BORGES; VILAÇA; LAURINDO, 2021). Em circunstâncias nas quais os colaboradores se sentem seguros, o uso dos dispositivos oferecidos pelos empregadores possui maior eficácia de uso, evitando assim, afastamentos no trabalho, quedas de níveis, lesões ou até mesmo óbitos.
Tavares e Oliveira (2019) ressaltam que no setor da construção civil é de grande importância obter o conhecimento no que se refere às normas de segurança do trabalho e segui-las em caráter adequado ao exposto, buscando elaborar planos de segurança e estudar todos os riscos possíveis que possam vir a ocorrer em uma determinada atividade. Os serviços que envolvem diferença de nível demandam de análises pertinentes aos riscos presentes na função, de modo a prevenir a ocorrência dos mesmos e criar medidas que minimizem tais perigos em garantia à segurança e integridade física dos trabalhadores.
É de incumbência das organizações, exercer o papel favorável tanto administrativo quanto operacional, através da implantação de medidas de prevenção e controle de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Recomenda-se direcionar as empresas para que atendam as necessidades de segurança de acordo com o ambiente de trabalho, seguindo as diretrizes das normas legislativas dos direitos e deveres entre contratantes e operários, assegurando um ambiente de trabalho mais saudável e com menores fontes de riscos aos acidentes.
2.3 Norma Regulamentadora 35
A normativa referente aos trabalhos em altura é atribuída à NR 35, na qual assume que é toda atividade a ser executa acima de 2 metros do plano de referência, caracterizando-se ao risco de queda (LIMA, 2013). A NR 35 busca evidenciar os aspectos da gestão de segurança e saúde do trabalho em altura para todos os serviços desenvolvidos em altura com risco de queda, em caráter abrangente e complementado por anexos que contemplarão as especificidades conforme as atividades exercidas.
Cabe à NR 35 estabelecer as responsabilidades dos empregadores e dos trabalhadores, envolvendo fatores como o planejamento, a organização e a execução no trabalho em altura, em função de prevenir os acidentes de trabalho em altura (BRASIL, 2013). Assim, tais exigências normativas abordam os deveres atribuídos tanto para o empregador quanto para o colaborador, a medida que é de ambas as partes a responsabilidade do uso correto dos dispositivos de proteção, assim como o cumprimento das medidas durante a execução de suas atividades.
A Norma Regulamentadora 35 estabelece que na fase de planejamento deve-se identificar e priorizar a forma de execução do trabalho, isto é, que oferece maior segurança ao trabalhador. A princípio, faz-se o questionamento sobre as alternativas de se realizar o trabalho, e a escolha deve ser posto em prática, sempre garantindo a segurança e integridade física dos trabalhadores (JORGE; SOUSA; CAVAIGNAC, 2019). Em contrapartida, em circunstâncias nas quais a atividade em altura seja características de riscos, mesmo que mínimos, deve-se reduzir o tempo de exposição do trabalhador e empregar medidas de proteção que minimizem o risco de queda.
Na construção civil, o trabalho em altura representa cerca de 49% dos acidentes fatais, desde quedas dos próprios colaboradores até as quedas dos materiais sobre os mesmos. Assim, com a finalidade de reduzir os acidentes de trabalho e proporcionar ambientes com condições seguras ao trabalhador, foram elaboradas as Normas regulamentadoras (NR), em razão de estabelecer regras e procedimentos, garantindo a segurança e a integridade dos operários no exercício da função (MELO, 2021). Cabe à ambas as partes o cumprimento das normas regulamentadoras conforme as orientações impostas perante a legislação pertinente a cada atividade.
Couto, Cezario e Camargo (2019) evidenciam que no item 35.3 da NR 35 é considerado o trabalhado apto para executar as atividades em altura aquele na qual realizou o treinamento com características teóricas e práticas, e principalmente com o mínimo de carga horária equivalente à 8 horas em conformidade às exigências normativas. Destaca-se que os treinamentos devem ser periódicos e com período estabelecimento perante a empresa, sendo recomendado o período bienal, ou ainda sempre que houver necessidades de execução.
O treinamento deve ser orientado por instrutores que disponham de proficiência comprovada no aspecto abrangente, e sob a responsabilidade de um profissional qualificado em segurança no trabalho. Para a efetuação da capacitação, emite-se um certificando com dados relacionados ao nome do trabalhador, carga horária executada, local de treinamento, data, nome e qualificação dos responsáveis pela instrução (MOMOLI; TRINDADE; RODRIGUES, 2021). Constata-se que todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado e executado por colaboradores que sejam capacitados e autorizados para exercer tais atividades em altura com o mínimos de riscos à segurança.
Pinheiro (2012) cita em conformidade à NR 35, é cabível ao empregador garantir as medidas estabelecidas na norma e assegurar a realização da Análise de Risco (AR), além de emitir a Permissão de Trabalho (PT). Desta forma, torna-se viável realizar a avaliação prévia do ambiente e condições da execução dos trabalhos em altura, de modo a antecipar os eventuais riscos que possam vir a comprometer a integridade física e psicológica do trabalhador, implementando as corretas medidas preventivas de segurança.
Em razão da Norma Regulamentadora 35 desempenhar o papel de documento legal com diretrizes estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, demanda da principal finalidade na regulamentação e definição dos padrões de cumprimento obrigatório, referente aos preceitos de segurança e medicina do trabalho, evidenciando os requisitos mínimos para trabalhos executados acima de dois metros de altura, como forma de priorizar a integridade física do trabalhador ao desempenho da função para qual foi designado.
3. Procedimento Metodológico
Para a elaboração deste artigo, foi utilizado o método científico de revisão sistemática de literatura, objetivando melhores níveis de confiabilidade nos resultados de pesquisa. Trata-se de uma pesquisa teórica que visa realizar discussões conceituais a partir de pesquisa bibliográfica (GIL, 2011).
Na revisão sistemática, buscou-se os artigos de pesquisa desenvolvidos preferencialmente nos últimos dez anos. Para alcançar o objetivo geral de abordar as medidas preventivas indispensáveis para a saúde e integridade física dos trabalhadores nas atividades em altura para o setor da construção civil foi estabelecido o fluxograma representado na Figura 1.
Figura 1. Fluxograma das etapas da pesquisa
Fonte: Autoria própria (2024)
3.1 Levantar os Fatores de Risco do Trabalho em Altura
Nesta fase foram realizadas pesquisas bibliográficas para levantar os fatores de risco do trabalho em altura. A pesquisa foi do tipo revisão sistemática realizada na base de dados Periódicos CAPES e Scientific Electronic Library Online no período de junho de 2024. O termo de busca usado para localizar os artigos foi: trabalho em altura na construção civil.
O critério de inclusão foi de artigos que abordassem o trabalho em altura na construção civil com disponibilidade de texto completo, com autores mais citados e com maior impacto. O critério de exclusão foi de artigos que abordassem apenas sobre o trabalho em altura em outros ramos da indústria. Baseado nos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 07 artigos da base de dados Periódicos CAPES e 03 artigos da Scientific Electronic Library Online.
3.2 Identificar as Causas de Acidentes em Altura
Identificar as principais causas de acidentes em altura na construção civil, por meio de análise de dados secundários. Baseado nos artigos selecionados no item anterior foi realizado leituras nos artigos buscando estabelecer uma correlação entre os fatores de risco e as causas de acidentes em altura.
3.3 Analisar as Medidas Preventivas de Segurança para os Trabalhadores
Analisar as medidas preventivas de segurança para os trabalhadores da construção civil que atuam em altura. Trata-se de uma análise de conteúdo por meio de dados secundários extraídos dos artigos levantados na primeira etapa. Na análise foi realizada uma leitura minuciosa do material coletado, em seguida uma exploração do material para classificação dos dados, e por fim, o tratamento dos dados para elaboração dos resultados e discussões. Para esta fase foram descritas as principais medidas preventivas de proteção individual e coletiva contra queda.
4. Resultados e Discussão
4.1 Levantar os Fatores de Risco do Trabalho em Altura
Nesta etapa houve um levantamento dos principais fatores de risco do trabalho em altura mediante a pesquisa do tipo revisão sistemática realizada na base de dados Periódicos CAPES e Scientific Electronic Library Online. Dessa análise dos resumos dos artigos observou-se que todos descreviam os principais fatores de risco do trabalho em altura. Onde, afirmavam através de estudos realizados com a metodologia de pesquisa de análise sistemática de literatura e de estudos de caso, que os acidentes do trabalho em altura estão diretamente ligados aos fatores de risco.
Foram encontrados 44 artigos na base Periódicos CAPES e 60 na Scientific Electronic Library Online. Para uma avaliação atualizada usou-se como corte temporal o período de publicação de 2014 a 2024. Após a aplicação do filtro de 2014 a 2024, resultaram em 25 artigos no Periódicos CAPES e 35 na Scientific Electronic Library Online. Os filtros adotados para a pesquisa disponíveis na base de dados foram: tipo de publicação e área. Os tipos de publicação escolhidos foram artigos de revisão e de pesquisa, o que resultou em 20 artigos. Todos os artigos foram ordenados por relevância e selecionados para a próxima fase.
Baseado nos resultados alcançados pelas pesquisas foi possível identificar os principais fatores de risco do trabalho em altura. São eles:
- Choque elétrico: o trabalhador exposto ao risco de eletricidade ao obter um contato acidental;
- Condições meteorológicas: as adversas condições meteorológicas podem afetar a segurança dos trabalhadores que atuam em altura, tais como, ventos fortes, a intensidade de exposição solar e chuvas;
- Posições perigosas: Característico a exposição de um passo em falso ou escorregar na área à qual o trabalhador desenvolve a função;
- Cargas pesadas: a operação de cargas muito pesadas requer atenção redobrada, uma vez que uma pequena falha pode resultando em acidente de grandes proporções.
Os acidentes de trabalho representam os eventuais acontecimentos oriundos de um ato inseguro ou de uma condição insegura, podendo ocasionar em danos tanto ao trabalhador quanto para a organização. Os estudos indicam ainda, que para evitar os acidentes do trabalho, é necessário identificar os principais fatores de risco presentes no ambiente em altura, e assim, solucionar para que outras não sejam agravadas com o passar do tempo.
Dessa forma, pode-se concluir a importância do incentivar aos colaboradores a participar periodicamente de instruções, palestras e treinamento referente a trabalho em altura.
4.2 Identificar as Causas de Acidentes em Altura
Dos 10 artigos selecionados conforme os critérios de inclusão e exclusão foi realizado a identificação das principais causas de acidentes em altura. Desta forma, foi possível identificar que as principais causas de acidentes em altura são referentes à falta de treinamento e capacitação do trabalhador, sendo estes muito comuns para os serviços em altura, uma vez que os mesmos não atribuem a atenção necessária para a segurança da execução, não obtendo a consciência quanto ao uso dos equipamentos de proteção em razão da integridade física e psicológica dos operários.
Pode-se citar, quando há obstrução de áreas de circulação, submetendo o trabalhador a deslocar-se em locais considerados perigosos, ou até mesmo, a ocorrência na falha em algum dispositivo de proteção, assim como, equipamentos de baixa qualidade ou indevidamente instalada.
Com a análise dos dados foi possível identificar que os acidentes podem ocorrer por várias causas, dentre os principais, aborda-se a falta de concentração e a omissão dos equipamentos de proteção interna – EPI, ou até mesmo o uso incorreto dos dispositivos, utilizando seu método de trabalho da forma incorreta. Habitualmente, pela falta de instruções dos colabores, os operários não seguem as normas de segurança impostas pela empresa prestadora de serviços, tornando o local de perigo para todos.
Portanto, é de extrema importância o treinamento dos trabalhadores, na medida em que, muitas das vezes o empregado faz uso incorreto de tais equipamentos, inviabilizando assim, a função de proteção.
4.3 Analisar as Medidas Preventivas de Segurança para os Trabalhadores
Nesta etapa trata-se de uma análise de conteúdo sobre os principais mecanismos para evitar acidentes relacionados ao trabalho em altura. Em linhas gerais, é fundamental identificar todos os riscos potenciais existentes causadores de possíveis acidentes, para propor medidas preventivas e realizar ações para neutralização, evitando assim, futuras lesões ou até mesmo óbitos.
Antes de realizar e aplicar as medidas preventivas para trabalho em altura deve-se levar em consideração os métodos e equipamentos, condições ambientais, atendimento de forma imediata do resgate e programas médicos, incentivar aos colaboradores a participar periodicamente de instruções, palestrar e treinamento referente a trabalho em altura.
Os equipamentos de proteção individual desempenham um papel de grande potencial preventivo, entretanto, é necessária a utilização apropriada à função, de forma correta e constante durante todas as atividades, em evidência aos demais serviços em altura que são característicos de quedas em diferentes níveis, na qual apresentam probabilidade de causar danos considerados graves.
Já os equipamentos coletivos, atribuem o encargo de proporcionar, de modo geral, um melhor ambiente das áreas de trabalho favorecendo a redução dos riscos de acidentes. Portanto, o conhecimento referente aos riscos nas quais o trabalhador está exposto é fundamental para a atribuição das medidas preventivas através de treinamentos e equipamentos, seja em âmbito coletivo ou individual, como forma de conscientizar a relevância ao atendimento das normas vigentes quanto ao gerenciamento de segurança para a realização dos serviços designados em altura.
5. Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão sistemática abordando as medidas preventivas indispensáveis para a saúde e integridade física dos trabalhadores nas atividades em altura para o setor da construção civil. Mediante aos aspectos de prevenção contra riscos de queda apresentados, constatou-se a indispensabilidade de identificar as eventuais causas de acidentes que podem comprometer a segurança dos trabalhadores, assim como as condições do ambiente laboral, como forma de implementar as medidas preventivas eficazes ao uso adequado dos equipamentos de proteção individuais e coletivos.
Para o objetivo específico: a) levantar os fatores de risco nas atividades de envolvem altura. Pode-se concluir que realizar o levantamento dos riscos presentes nas atividades em altura, ou ainda que possam vir a existir futuramente, viabiliza minimizar os acidentes de trabalho oriundos do exercício da função, como forma obter o conhecimento pertinente aos perigos no ambiente de trabalho e implementar as medidas de prevenção que asseguram as condições necessárias à sua proteção.
Para o objetivo específico: b) identificar as causas de acidentes de trabalho em altura. Compreendeu-se o conhecimento referente aos fatores que podem desencadear acidentes de trabalho em altura, na qual abrangem a ausência de treinamentos quanto ao uso correto dos equipamentos de proteção, do mesmo modo que não há conscientização relevante quanto aos dispositivos, resultando em atos inseguros que colocam em risco a vida do trabalhador.
E por fim, para este objetivo específico: c) analisar as medidas preventivas de segurança para os trabalhadores da construção civil. Constatou-se que os mecanismos apresentados para evitar acidentes relacionados ao trabalho em altura são de grande eficácia para minimizar ou até mesmo neutralizar lesões, tanto física quanto psicológicas, afastamentos da função que geram consequências onerosas para as organizações, e principalmente, as mortes no ambiente de trabalho, a fim de propor melhorias no âmbito da segurança do trabalho na construção civil.
Quanto à hipótese da pesquisa, as respectivas situações que abrangem a ausência do uso de EPI e EPC, colocam a vida do trabalhador em circunstâncias de risco ao exercício da função em altura. Atestou-se que os riscos envolvidos nas atividades com diferença de níveis requerem a utilização dos equipamentos de proteção indispensáveis para a segurança dos trabalhadores, uma vez que os serviços em altura possuem a queda como fator principal de risco, e possibilitam que estes sejam reduzidos, em razão das atividades serem executadas conforme a previsão realizada na análise de risco por meio de um profissional habilitado.
Em termos de limitações, o assunto estudado possui quantidade limitada de informações atuais, sendo a maioria em sites, tipo blogs, que fornecem informações de forma retroativa, dificultando uma maior abrangência sobre o tema para realizar uma melhor abordagem do tema em pauta.
Diante disso, a presente pesquisa faz as seguintes sugestões para futuros trabalhos: elaborar uma pesquisa que trate especificamente sobre exemplos da atualidade característica ao trabalho em altura, mostrando dados que comprovem o aumento de capacitação dos trabalhadores, conforme estabelecidos em NR’s, considerado fundamental para eliminar ou reduzir os riscos presente no ambiente de trabalho, tornando-o mais confortável e seguro no exercício da função em altura para os trabalhadores.
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